Vinicius Mota

Secretário de Redação da Folha, foi editor de Opinião. É mestre em sociologia pela USP

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Vinicius Mota

Quando entrar para a política é bom investimento

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Crédito: Joel Silva/Folhapress Os deputados Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro recebem R$ 6 mil por mês do benefício
Os deputados Eduardo e Jair Bolsonaro durante palestra no centro de eventos em Ribeirão Preto

Os Bolsonaros enriqueceram enquanto faziam política, como mostrou esta Folha. O caso específico pode ter uma justificativa plausível, e o que se espera em especial do presidenciável da família é que esclareça cabalmente os motivos da multiplicação patrimonial.

Já quando o conjunto dos representantes eleitos num mesmo território enriquece de modo desproporcional, não deveria haver dúvida quanto ao diagnóstico. Estamos falando, nesse tópico, de corrupção.

Patrimônio multiplicado

Um estudo recente a quantificar o bônus financeiro de entrar para a política numa nação emergente, do economista Ray Fisman (Universidade de Boston) e colegas, enfoca a Índia deste início de século.

Nas assembleias estaduais da gigantesca federação indiana, a evolução anual do patrimônio declarado de um deputado correu de 3% a 5% mais depressa que a do adversário derrotado na eleição distrital, em condições similares de largada. Significa acúmulo adicional de riqueza de 30% a 60%, na média, em dez anos.

Se o deputado chega a ocupar posições no gabinete do governo regional –equivalentes a secretarias estaduais aqui–, o bônus salta para 15% ao ano, o que confere ao eleito o quádruplo do patrimônio do adversário ao fim de uma década.

A média, porém, esconde notável variação regional. Nos Estados com maior percepção de corrupção, de acordo com indicadores como os da Transparência Internacional, o prêmio patrimonial pela eleição chega a 10% ao ano. Conforme o escore da corrupção vai ficando mais baixo, o bônus de riqueza diminui e desaparece.

A Assembleia do Rio, onde o filho mais velho de Jair Bolsonaro atua há 15 anos, sobressai no noticiário policial. O presidente, Jorge Picciani, e mais dois deputados estão presos. A percepção da corrupção ali é elevada. A evidência comparada sugere que tornar-se deputado fluminense configure, na média, bom investimento.

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Comentários

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celso bittencourt

8.jan.2018 às 15h08

Quando entrar para a política é bom investimento! Não é à toa que Lullalá, que de bobo não tem nada, não tem nenhuma escritura em seu nome, tudo pertence a seus Amigos! Rarrarrrá!

JOÃ O MUCCI

8.jan.2018 às 9h53

E qual a diferença do Bolsonaro para os demais possíveis candidatos à Presidência da República? Todos eles milionários e espertalhões. Ou tem quem acredite que dos possíveis candidatos à Presidência da República algum deles está pensando no bem estar do povo?

Emerson carara

8.jan.2018 às 9h41

Vamos lá... Quatro pessoas que, juntas, possuem um patrimônio de 15 milhões... Um é deputado federal a mais de 20 anos, outro é delegado da PF e deputado federal, outro é advogado e deputado estadual do RJ e o último é advogado e vereador da cidade do RJ, pelo 5° mandato consecutivo... Em média, o patrimônio de cada um é de 3,5 milhões.