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    Vinicius Torres Freire

    Dilma e Alckmin, muito a ver

    09/01/2015 02h00

    Começo de ano, chegam as contas. Dos excessos de despesa do final de ano? Da escola, do IPTU, do IPVA? Também. Além disso, chega a conta de irresponsabilidades e inépcias dos governos que terminaram em 2014. A gente sabe o que vocês fizeram no ano passado.

    Caiu a ficha no lago seco de responsabilidade de Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, que preferiu desconversar sobre a falta d'água durante a campanha eleitoral até que chegássemos à beira da desidratação. Deixou o reajuste da água para depois da eleição, deixou a sobretaxa do excesso de consumo de água para depois da eleição.

    Falta água em São Paulo faz mais de ano. Na falta de um mercado, aumentar o preço de um bem escasso, além do mais desperdiçado e estratégico, é providência rudimentar. Não estamos nem discutindo 20 anos de inépcia e de descalabro ambiental de governos tucanos. Estamos falando de mera canetada de bom senso.

    Muito bem, Geraldo Alckmin.

    Nesta quinta-feira (8), a gente também teve o prazer de examinar os resultados da política industrial de Dilma 1. Nos 12 meses até novembro, a produção industrial encolheu 3,2%. O nível da produção está mais ou menos onde estava no final de 2007. A fabricação de veículos, estimulada de modo alucinado e perdulário por Dilma 1, acabou em retração de mais de 15% em 2014; as montadoras cortaram mais de 12 mil postos de trabalho.

    Era tudo fantasia inepta, a política industrial, para não dizer coisa pior.

    Os incentivos à indústria e para empresas em geral contribuíram para levar o governo à presente pindaíba, o que obrigará os economistas de Dilma 2 a catar moedas, cortar gastos, investimentos inclusive, e aumentar impostos, o que levará o país a algo próximo de uma recessão. No final das contas, em 2014 e 2015, pelo menos, a renda média do brasileiro, o PIB per capita, do brasileiro, terá encolhido.

    O que foram esses incentivos? Foram os centenas de bilhões de empréstimos do BNDES a juro baratinho, zero ou abaixo de zero. Foi a quase centena de bilhões de reduções de impostos. A proteção contra a concorrência internacional, entre outros favores e subsídios.

    "O beijo, amigo, é a véspera do escarro,/A mão que afaga é a mesma que apedreja", como diziam os antes conhecidos versos de Augusto dos Anjos. O mesmo governo dos incentivos deixou o dólar ficar baratinho, favorecendo importações e controlando à matroca a inflação. Contribuiu para a alta de custos das empresas. Desordenou o mercado com intervenções ineptas. Etc.

    Muito bem, Dilma Rousseff.

    O que se pode esperar?

    E o NanoPIB, como fica?

    "Para a frente, não vislumbramos uma recuperação robusta da produção industrial no curto prazo, devido ao ainda alto nível de estoques da indústria, à desaceleração do consumo e ao nível ainda baixo dos indicadores de confiança. Ademais, o resultado cria um viés de baixa para nossa projeção de crescimento do PIB no quarto trimestre de 2014", escrevem em relatório desta quinta-feira os economistas do Itaú.

    Os economistas de Dilma 2 terão de fazer mágicas e milagres, assim como não temos mais o que fazer do que esperar o milagre da chuva, o grande plano de governo de Alckmin.

    vinicius torres freire

    Está na Folha desde 1991.
    Em sua coluna, aborda temas políticos e econômicos. Escreve de quarta a sexta e aos domingos.

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