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    Vinicius Torres Freire

    O que fazer do dinheirinho em 2017

    01/01/2017 02h00

    Marcos Santos//USP Imagens
    Caderneta de poupança registrou entrada líquida de R$ 1,881 bilhão em novembro
    Em termos reais, afora a inflação, a caderneta rendeu menos de 2% em 2016

    Dinheiro em 2017: como pensar no que fazer das aplicações financeiras? Como convém ao primeiro dia do ano novo, vamos supor que teremos a boa sorte de poder investir.

    A consideração mais importante para 2017 é a respeito das taxas de juros: devem cair bastante. No caso muito improvável em que não caiam, o país terá ido à breca.

    Parece óbvio que os juros tendem a cair. Importa pensar se é preciso tomar alguma providência a respeito. O cidadão comum costuma ser meio desligado desses assuntos no dia a dia. Nota um tanto tarde as viradas do mercado.

    Um exemplo.

    O rendimento dos fundos de renda fixa, os "fundos de banco" mais comuns, vai cair. É provável que seu fundo tenha rendido algo entre 11,5% e 13,5% nos últimos 12 meses, uns 5,5% reais (descontada a inflação), na média. Será menos em 2017 e assim por diante, cadente, se o Brasil sair desta lama.

    No caso de dinheiro guardado para o longo prazo, é possível aplicar a taxas melhores e manter esse rendimento por muitos bons anos. Onde? Outra obviedade, tão falada e na prática ignorada pela maioria: no Tesouro Direto. É uma grande opção, por exemplo, para a aposentadoria.

    No final da semana passada, era possível aplicar a taxas em torno de 5,8% ao ano além da inflação (IPCA) até 2019, 2024 ou 2035, à escolha. Como se sabe, a taxa é garantida se a aplicação for mantida até a data do vencimento.

    "Sacando antes" (vendendo os títulos), o resultado depende das flutuações dos preços de mercado. Mas, com a queda dos juros, é até possível especular: aplicar já, vender antes do vencimento e ganhar bem mais (não tente fazer tais artes sem consultar um profissional).

    Por que o exemplo dos fundos de renda fixa? Porque é onde estão aplicados cerca de 87% do dinheiro dos investidores de varejo em fundos (que aplicam, ao todo, R$ 542 bilhões) e quase metade de todo dinheiro do negócio de fundos (R$ 1,6 trilhão de um total de R$ 3,4 trilhões). No Tesouro Direto, onde estão os emprestadores de dinheiro para o governo no varejo, há só R$ 40 bilhões.

    O brasileiro comum faz aplicação bem menos rentável, porém. Há cerca de R$ 661 bilhões aplicados na poupança. Em termos reais, afora a inflação, a caderneta rendeu menos de 2% em 2016.

    Note que, à taxa de 2% ao ano, sua aplicação vai dobrar de valor em 35 anos. À taxa de 5%, mais próxima daquela do Tesouro Direto, dobra em 15 anos.

    Há alternativas similares razoáveis, como CDBs, LCIs e LCAs? Sim, talvez, se você puder fazer aplicação inicial grande. De qualquer modo, o rendimento disso tudo irá abaixo com a queda da Selic (a taxa de juros definida pelo Banco Central).

    Por fim, recorde-se o que é um fundo. Um fundo de renda fixa é uma associação de investidores que entrega seu dinheiro a um gestor (em geral de banco), que aplica o dinheiro por você e cobra pelo serviço. Aplica onde? Bidu: 77% do dinheiro dos fundos de renda fixa está aplicado em títulos federais. Os mesmos do Tesouro Direto.

    Obviamente, este texto NÃO É NEM DE LONGE uma "dica de investimento", que sempre depende do perfil de cada aplicador, tal como roupa feita sob medida. Mas é uma dica: você já pensou no que fazer do dinheiro em uma economia com juros em queda, queiram os céus?

    vinicius torres freire

    Está na Folha desde 1991.
    Em sua coluna, aborda temas políticos e econômicos. Escreve de quarta a sexta e aos domingos.

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