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    Com estiagem, Jequié (BA) teme que chuva eleve casos de dengue

    MÁRIO BITTENCOURT
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM JEQUIÉ (BA)

    17/01/2013 03h00

    A cidade baiana de Jequié, no semiárido nordestino, vive um dilema complicado: os moradores não sabem se torcem para chover ou para a dura estiagem prosseguir.

    O município de quase 152 mil habitantes é um dos 260 da Bahia em estado de emergência por causa da seca, que atinge 6.800 pessoas, gerou 85% de perdas na lavoura e reduziu em 20% o tamanho do rebanho bovino da cidade, segundo a Secretaria Estadual de Agricultura.

    Editoria de arte/Folhapress

    O dilema aparece agora. Jequié é também recordista em notificações de dengue em 2013 na Bahia: apenas nas duas primeiras semanas do ano foram 292 casos registrados, de acordo com o governo do Estado, o que levou a prefeitura a decretar estado de emergência.

    Foram 105 notificações em novembro e 408 em dezembro. O principal hospital do município está superlotado para atender casos suspeitos. Uma pessoa morreu com dengue hemorrágica
    neste ano.

    Jequié, conhecida como "Cidade Sol" por causa do intenso calor, tem chuvas só em períodos espaçados e por pouco tempo. Na maioria das vezes, elas são seguidas de sol escaldante, o que forma as condições ideais para a proliferação do Aedes aegypti, transmissor da dengue.

    Um dos principais motivos da proliferação do mosquito são as águas paradas de um canal que corta a cidade e onde é despejado ao menos metade do esgoto.

    O índice de infestação está em 3,6% dos domicílios, sendo que o aceitável pelo Ministério da Saúde é de até 1%. Há bairros onde o índice chega a 10%.

    A Vigilância Epidemiológica local intensificou o uso de bombas costais e do caminhão fumacê, que jogam inseticida, e a prefeitura afirma que contratará agentes e uma empresa para fazer a limpeza do canal.

    Há o receio de que, até lá, a chuva favoreça a proliferação de mosquitos. "Chuvas agora podem significar mortes por dengue na cidade", diz a prefeita Tânia Brito (PP).

    SEM ÁGUA

    Já o pescador Manoel José dos Santos, 48, que mora perto da barragem que abastece metade da cidade, sofre com a redução do reservatório. "A água está barrenta, e os peixes diminuem a cada dia."

    Eliene Silva Santos, 25, mora no bairro de Amaralina, um dos mais afastados da cidade, onde falta água encanada e sobra esgoto correndo a céu aberto.

    "Temos que nos virar todos os dias pra conseguir água. Eu tento pegar num poço que tem aqui perto, mas nem sempre encontro", relata.

    Sobre a dengue, Eliene tem um palpite: "Acho que se tivesse saneamento por aqui seria bem mais difícil para o mosquito proliferar".

    Na casa de Daiane Santos, 31, na região central da cidade, a ausência de água também é frequente.

    Não bastasse o problema, ela teve de levar o filho de cinco anos ao hospital anteontem. Vinícius Rian reclamava de enjoos e dores de cabeça e no corpo. "Vim logo para cá, fico com medo de ser dengue hemorrágica", disse.

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