Aeroporto com cinco das dez rotas mais movimentadas do Brasil, Congonhas (zona sul de São Paulo) deve mudar nos próximos anos, por iniciativa do governo federal.
Entre as possibilidades estão a demolição da pista atual, a construção de outra e a criação de um segundo terminal de passageiros.
A necessidade de alteração se dá porque, da maneira como está, Congonhas descumpre normas nacionais e internacionais de segurança para aeroportos.
A distância da pista de táxi para a pista principal, por exemplo, é inferior ao exigido. Os aviões que ficam nas pontes de embarque estão muito próximos da pista e do terminal de passageiros.
Tampouco há área de escape no final das pistas; para tentar corrigir a situação, o tamanho das pistas foi reduzido virtualmente em 2007, após o acidente com o Airbus da TAM: os aviões ficaram com menos espaço disponível para decolar e pousar.
Um grupo de trabalho liderado pela Secretaria de Aviação Civil discute as alterações, que integram revisão do Plano Diretor do aeroporto.
Segundo a SAC e a Infraero, que administra Congonhas, ainda não há prazo para as conclusões serem definidas e implementadas.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
POSSIBILIDADES
A Folha obteve uma apresentação feita pela Infraero em 8 de novembro com as mudanças em estudo.
Nenhuma deixa o aeroporto como ele é hoje.
Uma das possibilidades para ajustar a pista às normas é "deslocá-la" para o lado, em direção aos hangares de aviação executiva.
A segunda pista, dedicada hoje à aviação geral e executiva, deixaria de existir ou seria usada eventualmente.
O impacto previsto, segundo a própria Infraero, é reduzir as operações do aeroporto. Hoje Congonhas tem 34 pousos ou decolagens por hora e é essencial para a aviação comercial brasileira.
Não haveria necessidade de desapropriação.
Outra simulação prevê retirar os hangares de aviação executiva de modo a aumentar a segunda pista, que passaria a ser usada como principal. A pista principal passaria a ser utilizada de modo restrito, apenas em voos com condição visual.
TERMINAL
Outra hipótese, segundo a Infraero, é construir um novo terminal de passageiros bem em frente ao atual, onde hoje ficam hangares de aviação executiva. Essa hipótese deixaria Congonhas com só uma pista.
Há duas propostas para o terminal, uma com 40 mil metros quadrados e outra com 43 mil metros. O local aumentaria em cerca de 60% o espaço disponível hoje em Congonhas -o terminal atual tem 64 mil metros quadrados.
A conexão entre os dois terminais se daria por um túnel.
Isso não só aumentaria o espaço do aeroporto, mas principalmente tiraria as pontes de embarque do lugar onde estão -e a levariam para o novo terminal, eliminando uma irregularidade.
Seria necessário desapropriar até 114 mil metros quadrados para a obra ocorrer.
As "desconformidades" que motivaram o estudo de mudanças, conhecidas há alguns anos, são toleradas pelo fato de Congonhas ter sido erguido antes de algumas das normas de aeroportos.
Inaugurado em 1936, o aeroporto começou a ganhar o formato atual a partir da década de 1950.