• Cotidiano

    Friday, 03-May-2024 13:49:21 -03

    Moradores do centro de SP se unem para exigir o fim da cracolândia

    ARETHA YARAK
    ANDRÉ MONTEIRO
    DE SÃO PAULO

    03/01/2014 03h20

    "Não saio de casa sozinha depois das 18h." A vida sitiada da aposentada Dalva Lopes, 63, é a regra para os poucos moradores que ainda vivem nos prédios da cracolândia, no centro paulistano.

    Acuados e inconformados com a situação, eles começam a se mobilizar para exigir que a prefeitura e o governo estadual acabem com a cracolândia -cogitam até recorrer à Justiça.

    Prefeitura e Estado dizem estudar ações na região da cracolândia

    A postura mais incisiva ocorre porque os moradores defendem que a situação da região, problemática há anos, piorou com o surgimento de uma "favelinha" na alameda Dino Bueno e rua Helvétia.

    No local, barracos improvisados foram erguidos há alguns meses na calçada do terreno da antiga rodoviária.

    No início de dezembro, o Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) local protocolou ofícios em secretarias das gestões Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT) no qual reivindica a "imediata desocupação do passeio público" e do largo Coração de Jesus, onde fica a maioria dos usuários de crack.

    "Premia-se o craqueiro, mas o morador da região fica desamparado", diz Fábio Fortes, presidente do Conseg.

    Os moradores do bairro organizam ainda um abaixo-assinado que pretendem encaminhar para órgãos públicos e a criação de uma associação de moradores da região.

    Na primeira reunião, no fim do ano passado, foram recolhidas assinaturas de 60 pessoas que resistem à degradação da área.
    "Não tem mais condições de morar aqui, eu tenho vergonha deste lugar", diz Maria Aparecida Berci Luiz, 58. "Moro aqui há 35 anos e estou sendo desalojada por pessoas com mais direito do que eu, que pago impostos", diz.

    Marlene Bergamo/Folhapress
    Paulo Sérgio é um dos moradores da região da cracolândia que já foi assaltado perto de casa e reclama da insegurança
    Paulo Sérgio é um dos moradores da região da cracolândia que já foi assaltado perto de casa e reclama da insegurança

    POLÍCIA

    "Me assaltaram duas vezes. Nas duas levaram documentos, dinheiro e celular. Me recuso a fazer outra via do RG e ando apenas com o boletim de ocorrência no bolso", diz Paulo Sérgio, 31.

    Segundo os moradores da região, os guardas da GCM e os policiais militares que patrulham a área alegam que não podem fazer nada.

    "Meu assalto aconteceu a uma quadra de uma patrulha da PM. Eles nem se deram ao trabalho de ir atrás de quem me roubou", diz Paulo.

    Segundo outra moradora, que não quis revelar o nome por medo, já houve situações em que os prédios da rua ficaram sem energia, mas os barracos permaneceram iluminados. "Ninguém faz nada", desabafa.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024