Um imóvel desocupado no Butantã (zona oeste de São Paulo) está no centro de um imbróglio que opõe governo do Estado de São Paulo e um grupo de artistas plásticos.
O local foi invadido em maio de 2012 pelo artista plástico Thiago Bender, 34. Ao lado de grafiteiros, ele fez do local uma espécie de ateliê.
Ocorre que o imóvel pertence à SPPrev (São Paulo Previdência), autarquia do governo e dona do terreno, que quer tirá-lo de lá.
Thiago diz ter encontrado o imóvel abandonado -o local estava vazio há mais de 12 anos, diz. "Virou boca de fumo, estava muito sujo."
A autarquia nega o abandono -e afirma que a intenção é vender o prédio.
Com amigos, o artista, que vive a dois quarteirões dali desde que nasceu, limpou o local. Havia pombos e fezes humanas no chão, diz.
Foi então que começou a fazer intervenções artísticas. Thiago, que trabalha com material reciclado, guarda sucata recolhida no lixo em algumas salas do local.
O artista e seu grupo grafitaram quase todas as paredes e a fachada do lugar. Mais de 50 grafiteiros participaram.
Agora, a ideia é transformar o imóvel em um espaço de oficinas artísticas. "Queremos dar aula de grafite, artes plásticas, marcenaria, oficinas para os moradores e crianças do bairro", afirma.
Ao perceber a invasão, a SPPrev diz que negociou com Thiago a desocupação do imóvel. Anteontem o prazo venceu -e a autarquia fez um boletim de ocorrência.
A empresa diz que irá à Justiça para reaver o imóvel.
"Não reivindicamos a posse, queremos discutir o direito ao uso de um espaço abandonado", segundo Thiago.
A SPPrev diz se tratar de "tentativa de privatização do espaço público".