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    'Rolezinhos' se espalham por ao menos nove capitais do país

    DANIEL CARVALHO
    DO RECIFE
    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA
    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR
    WILLIAM DE LUCCA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM JOÃO PESSOA

    15/01/2014 19h49

    A onda de encontro de jovens em shopping centers, os chamados 'rolezinhos', se espalhou pelo país. Há eventos programados a partir deste fim de semana em todas as regiões do Brasil.

    Além de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, que também têm encontros deste tipo marcados, há pelo menos 11 mobilizações previstas em outras nove outras capitais até o início de fevereiro. Até a tarde desta quarta-feira (15), os 'rolezinhos' mobilizavam mais de 3.200 jovens.

    Alguns organizadores ouvidos pela Folha não quiseram se identificar e assumiram um discurso de luta contra "a desigualdade social" e "solidariedade aos pobres".

    O maior evento até agora está previsto para o próximo dia 25, no RioMar Shopping, no Recife, onde mais de 670 internautas "confirmaram" presença. O ato pode ser antecipado para este fim de semana.

    O organizador do evento, que se identificou apenas como Erick, 23, só aceitou falar com a Folha pelo Facebook para não ser identificado. Natural de São Paulo, ele mora em Pernambuco, trabalha –mas não quis dizer com o quê– e participou de dois protestos de rua no Recife no ano passado.

    Apesar de afirmar temer baderneiros no ato que criou, "apoia" os grupos Black Bloc e Anonymous.

    Erick diz ter convocado o 'rolezinho' para protestar contra a "desigualdade social". "É um shopping de primeiro mundo no meio da periferia", afirmou.

    O jovem também organiza para o dia seguinte um protesto no Shopping Recife. Ele havia programado um ato no Shopping Guararapes, na região metropolitana da capital, mas cancelou porque os frequentadores são "de classe baixa". "Não faria sentido", disse.

    Questionado sobre por que não faria sentido, já que em São Paulo os 'rolezinhos' surgiram com jovens da periferia, ele encerrou a entrevista. "Isso não importa. O evento foi cancelado."

    A Associação de Shoppings de Pernambuco informou que vai dobrar o número de seguranças nos centros de compras nos dias de manifestações e estuda tomar medidas judiciais para impedir os 'rolezinhos'. A Polícia Militar de Pernambuco não informou como agiria.

    APOIO

    Em Porto Alegre, o 'rolezinho' ganhou contornos de protesto, em apoio "ao povo das periferias". Marcado para o próximo domingo, no Moinhos Shopping, o ato é organizado por jornalistas, estudantes de história e filosofia. Na convocação, pedem que os participantes chamem "seus amigos mais pobres, mais pardos", que "nunca entram no shopping".

    "Esperamos que vá todo mundo, todas as classes", afirma um dos organizadores do evento, o jornalista Márcio Santos, 35. Para ele, que vê na segregação social um estopim semelhante ao preço da tarifa de ônibus, no ano passado, os protestos de junho "não foram suficientes para sanar os anseios" da população.

    O grupo quer coibir a presença de black blocs, que já se manifestaram na convocação do 'rolezinho', com frases como "vamos quebrar tudo". A Brigada Militar está monitorando os perfis. O Moinhos Shopping informou ter entrado na Justiça para impedir a manifestação "em último caso", se houver brigas ou confusão, segundo a assessoria de imprensa do centro comercial.

    SEGUNDO ANO

    Em algumas cidades, como Belo Horizonte e João Pessoa, os 'rolezinhos' acontecem desde o ano passado, mesmo sem esse nome.

    Na capital paraibana, um ato está marcado para a tarde desta quinta-feira (16), em frente ao Shopping Tambiá, no centro da cidade.

    Alguns jovens da periferia que costumavam marcar encontros no centro comercial passaram a ser revistados em 2013.

    Segundo o shopping, essas revistas eram feitas apenas em suspeitos de marcar confrontos. Para os integrantes dos movimentos sociais, essas revistas eram uma forma de barrar jovens negros e pobres da periferia.

    Em Belo Horizonte, pelo menos duas mobilizações aconteceram no ano passado. Segundo a PM, houve apreensão de armas e algumas pessoas chegaram a ser presas.

    O comando do policiamento da capital informou que vai colocar policiais nos arredores dos centros comerciais nos dias de 'rolezinho', mas só vai entrar nos shoppings se houver algum chamado. Há previsão de atos no Minas Shopping e no Pátio Savassi, que pretendem reforçar a segurança.

    Em Salvador, o protesto "rolezinho das antigas" trocará o funk ostentação de São Paulo pelo axé do "É o Tchan". O Shopping Barra não informou como vai agir durante os atos.

    Na capital cearense, o 'rolezinho' foi marcado "pra mandar um recado contra a segregação" e "mostrar que todo mundo tem o direito de ir e vir", segundo os organizadores.

    O Shopping Iguatemi, onde o protesto acontecerá, é classificado pelo grupo como "um dos principais centros comerciais da burguesia fortalezense". A assessoria do shopping não se pronunciou sobre o assunto.

    Em Belém (PA), os jovens disseram que pretendem apenas ver "lojas maneiras" no Shopping Boulevard.

    AGENDA

    João Pessoa
    Shopping Tambiá
    16.jan

    Belo Horizonte
    Minas Shopping/Pátio Savassi
    18/jan. - 19/jan.

    Porto Alegre
    Moinhos Shopping
    19/jan.

    Recife
    RioMar Shopping/Shopping Recife
    25/jan. - 26/jan.

    Manaus
    Shopping ainda não definido
    25/jan.

    Campo Grande
    Shopping Campo Grande
    26/jan.

    Salvador
    Shopping Barra
    1/fev.

    Fortaleza
    Shopping Iguatemi
    9/fev.

    Belém
    Shopping Boulevard
    25/jan.

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