Como muitos dos eventos marcados pelo país, o 'rolezinho' em Brasília, programado para o próximo dia 25 no shopping Iguatemi, começa a ganhar ares de ato político.

Franklin Melo, 23, é estudante da Universidade de Brasília, não mora na periferia e tampouco curte o funk ostentação. É um dos autores do convite no Facebook e já amealhou 1.584 adesões.

"O 'rolezinho' ganhou status de manifestação política com a repressão policial de São Paulo. É a continuação do movimento de junho, só que agora alastrado para as periferias do Brasil", diz.

Simpatizante do PSTU e estudante de Serviço Social, Franklin participou da onda de protestos do ano passado e foi um dos manifestantes que tomaram o teto do Congresso em 17 de junho.

O estudante não se considera um "líder" do movimento, apenas um "administrador da página no Facebook". Diz já ter recebido ameaças pela internet por ajudar a organizar o evento.

	Alan Marques/Folhapress
	O estudante da UnB Franklin Melo, 23, organizador do "rolezinho" em shopping de Brasília

Franklin vê diferença entre o 'rolezinho' e as manifestações de junho. "Não existe um apelo da classe média e alta. Eles estão assustados. O alvo não é o Estado, é a iniciativa privada", afirma.

"A periferia sempre esteve protestando, fechando vias. Mas agora incomodou, foi no shopping", completa.

O perfil dos internautas que dizem que irão ao evento em Brasília é heterogêneo.

Na avaliação de Franklin, haverá de politização à ostentação do funk. "Haverá, sim, uma manifestação política de solidariedade contra a repressão, mas não deixa de ser um ambiente para se divertir. Serão as duas coisas", diz.

SEM 'BADERNA'

A organização do shopping ainda não informou se tomará medidas, mas disse que "tem como procedimento padrão atuar para garantir a segurança e a tranquilidade".

O grupo que organiza o evento planeja espalhar panfletos nas comunidades da periferia próximas ao Iguatemi, situado em bairro nobre de Brasília. Haverá reuniões para definir o trajeto e reduzir as chances de "baderna".