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    Promotor é vítima de quadrilha que assalta ciclistas na USP

    GIBA BERGAMIM JR.
    DE SÃO PAULO

    22/01/2014 03h15

    Com uma arma apontada para a cabeça, o promotor de Justiça Roberto Bodini entregou sua bicicleta a dois ladrões que chegaram numa moto. Simultaneamente, outra dupla armada, em outra moto, levou a bike do amigo que pedalava com ele.

    Responsável pela investigação da máfia do ISS (imposto sobre serviços), Bodini é mais uma vítima da quadrilha que já atacou pelo menos nove ciclistas na USP, no Butantã (zona oeste).
    Após os crimes, geralmente no início da manhã, alguns ciclistas decidiram contratar escolta armada para acompanhá-los nos treinos.

    Os relatos são semelhantes. Sempre em dupla, os ladrões emparelham com os ciclistas. Armado, o passageiro desce do veículo e rende a vítima. O ladrão coloca a bicicleta nas costas, sobre na moto e a dupla foge.

    A cena se repetiu entre 2 e 18 de janeiro em três áreas diferentes do campus. Os alvos são ciclistas que treinam ao menos quatro vezes por semana na Cidade Universitária, geralmente entre as 5h e as 6h30 das terças e quintas-feiras e aos sábados.

    O chamariz são bicicletas feitas sob encomenda, que podem custar até R$ 20 mil.

    Bodini e o amigo foram atacados no sábado. "Eles jogaram a moto em cima da gente e anunciaram o assalto. Foram violentos. Tive dificuldade para tirar o celular do bolso e levei uma coronhada na cabeça, mas estava de capacete", contou Bodini.

    Segundo o professor de educação física Ricardo Arap, que treina ciclistas, os roubos são em três pontos, num raio de 2 km: na avenida da raia olímpica (onde o promotor foi roubado), na rua da Reitoria e na praça do cavalo.

    A suspeita é que os ladrões fujam por uma viela, ao lado do Hospital Universitário, em direção à favela São Remo.

    A bicicleta seria entregue a "atravessadores" e vendida no mercado informal.

    Adriano Vizoni/Folhapress
    Roberto Bodini posa com sua bicicleta reserva, após ter a principal roubada na Cidade Universitária
    Roberto Bodini posa com sua bicicleta reserva, após ter a principal roubada na Cidade Universitária

    TIROS

    Em um dos assaltos, os ladrões deram dois tiros contra uma mulher que tentou fugir quando colocava a bicicleta no carro. Os disparos atingiram a lataria do veículo.

    Na manhã de ontem, uma vítima foi atacada por ladrões que chegaram de carro e portavam armas de grosso calibre. Eles teriam levado o carro e a bicicleta da vítima, segundo ciclistas.
    O promotor criticou a ação da PM que, segundo ele, não fez buscas na região. "Após o assalto, peguei uma carona e fui ao batalhão próximo. Eles disseram que eram do policiamento de trânsito e que não poderiam ir ao local."

    Em nota, o delegado Paulo Arbues de Andrade, titular do 93º DP (Jaguaré), afirmou que "está trabalhando em conjunto com a PM para identificar e prender os autores".

    Segundo ele, estão sendo monitorados "pontos estratégicos, que foram definidos a partir do trabalho de inteligência policial". A Secretaria de Segurança Pública disse que há policiamento ostensivo e preventivo na região.

    A Corregedoria diz que vai apurar eventual omissão dos PMs no caso do promotor.

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