O adolescente de 15 anos encontrado preso a um poste diz ter sido expulso de casa por milicianos, há cerca de três meses, após furtar uma furadeira na zona oeste do Rio. O garoto relatou à policia na quarta-feira (5) que a partir daí passou a morar na rua.
O garoto contou que dividia a casa com a mãe numa comunidade carente da região. Depois, ele passou a dormir em praças e a frequentar um abrigo da prefeitura, no centro. O pai dele era traficante e morreu quando ele ainda era pequeno.
Após a agressão e a divulgação do caso na imprensa, a mãe do jovem disse a funcionários do abrigo que teme sofrer represália por causa do filho. A Secretaria Municipal de Assistência Social já viabiliza a saída da mulher do bairro de Campo Grande para mantê-la provisoriamente em um abrigo
A Folha não conseguiu localizar a mãe do garoto, que -por segurança- não teve o nome divulgado. O menor foi agredido a pauladas na noite da última sexta-feira por supostos "justiceiros" da zona sul. Em seguida, ele foi acorrentado nu pelo pescoço a um poste no Flamengo, na mesma região.
| Reprodução/Facebook/Yvonne Bezerra de Mello | ||
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| Adolescente foi acorrentado nu após ser agredido a pauladas no Rio |
NOVA CONSULTA
O adolescente passou por nova consulta médica nesta quinta e passa bem. Ele cuida apenas de um corte na orelha que precisou levar pontos. Segundo ele, a ferida foi provocada por um golpe de capacete.
Ontem, o menor contou em depoimento à polícia que ele e três outros jovens foram cercados por um grupo de 30 homens, fortes e bem vestidos, que estavam em quinze motos. Um deles estava armado com uma pistola.
"Eles tinham um estilo Braddock", disse o garoto em referência ao filme de Chuck Norris.
À polícia, o jovem relatou que dois de seus companheiros conseguiram fugir do cerco. Ele e outro adolescente, com medo de serem baleados, ficaram no local e começaram a ser agredidos.
De acordo com o depoimento, os dois levaram vários golpes, alguns deles desferidos com capacetes. Depois de algum tempo, o outro rapaz conseguiu escapar; ele ficou e continuou a ser agredido. Muito ferido e já sem roupas, o adolescente foi preso ao poste com um cadeado de bicicleta.
"Eu não estava fazendo nada errado", disse. Segundo seu depoimento, os quatro menores seguiam do Flamengo para a praia de Copacabana, onde dormiriam.
Depois de ser solto do poste pelos bombeiros, o adolescente foi levado para um hospital, de onde fugiu após receber atendimento.
Na madrugada de sábado, ele reapareceu em um abrigo para meninos de rua mantido pela Secretaria Municipal de Assistência Social, no centro.