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    Projeto leva ao centro imagens de famosos para debater impacto ambiental

    ROBERTO DE OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    07/02/2014 03h10

    A top Fernanda Tavares, que já apareceu no mundo inteiro de biquíni, camiseta colada e vestidinho pra lá de sexy, também empresta seu corpo a causas ambientais. Desta vez, encarna uma sereia que, com o rabo e a barbatana impregnados de petróleo, vomita uma graxa preta.

    A inusitada foto vai colorir, hoje à noite, a fachada do prédio histórico da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, no centro da maior cidade do país.

    No edifício, projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo em 1886, a sereia de Fernanda, em vez de levar marujos à morte por obra de seu canto mavioso, vai incorporar a vítima dessa nossa louca obsessão pelo petróleo.

    Na era do pré-sal, a figura mitológica será apenas uma das facetas do projeto "S.O.S Terra - Para que o Mundo Não Acabe", que ocupará também o espaço vizinho à secretaria, o Pateo do Collegio, onde a cidade nasceu e floresceu.

    Além da foto da sereia, outras imagens de celebridades com apelo ambiental, como a "pachamama" ("mãe terra") criada para Christiane Torloni, serão projetadas.

    Todas elas são obras do artista plástico e ambientalista Thiago Cóstackz. Será exibido ainda um filme em 3D sobre como o aquecimento global vem mudando paisagens tão distantes na Sibéria, na Islândia e na Groenlândia, projeções que vão ocupar 546 m² da fachada do edifício.

    Durante o dia, tentáculos de um polvo colorido, com 15 m de comprimento e 5 m de largura, vão "flutuar" no Pateo do Collegio. No corpo da criatura, a inscrição "salve-me", referência aos impactos provocados na vida marinha pelo tal progresso. Ninguém paga nada para assistir.

    Antes de aterrissar em São Paulo, a ação artística e ambiental do S.O.S Terra percorreu lugares afetados tanto por mudanças climáticas quanto pela ação direta do homem. Quatro profissionais brasileiros envolvidos no projeto percorreram 62.333 km, em 33 voos por quatro continentes, em 40 dias de viagem.

    Idealizador do projeto, Cóstackz, 29, diz que o objetivo é conscientizar os paulistanos por meio da arte e "mostrar de que forma as ações que ocorrem por aqui contribuem para problemas ambientais no planeta".

    "Não existem 'eles' ou 'nós'. Tudo importa na Terra e para todos", filosofa.

    Dos quadros às imagens, o material empregado pelo artista potiguar, morador do bairro da Aclimação, é ecologicamente sustentável (tinta acrílica à base de água sem metais poluentes, madeira de reflorestamento etc.).

    O figurino de Fernanda e Christiane foi garimpado pelo próprio ambientalista em caçambas na região do Brás e da rua 25 de Março, "babéis" do comércio popular no centro. "Faço isso antes das 18h para não atrapalhar o trabalho de catadores de material reciclável que agem ali."

    A "graxa" que sai da boca da sereia Fernanda Tavares nada mais é do que anilina de bolo na cor preta.

    A modelo ensina que o caminho para que o "mundo não acabe" é reciclar o lixo, economizar água e quem sabe plantar uma hortinha. "A gente pode começar a cuidar do planeta em casa", diz ela.

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