• Cotidiano

    Sunday, 28-Apr-2024 20:38:57 -03

    Rio de Janeiro

    Imagens mostram cinegrafista atingido por explosivo em protesto no Rio

    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO

    07/02/2014 15h23

    Fotos e vídeos que surgiram um dia após o protesto feito na quinta-feira (6) no Rio de Janeiro, que terminou com um cinegrafista da Rede Bandeirantes gravemente ferido por uma bomba, ainda não podem concluir de onde partiu o explosivo, mas levantam informações importantes sobre o que ocorreu.

    Santiago Ilídio Andrade, 49, registrava um confronto entre policiais e manifestantes quando um artefato atingiu-lhe a cabeça, explodindo em seguida. O cinegrafista teve afundamento de crânio e passou por uma neurocirurgia. Seu estado é grave.

    Um vídeo da agência russa RuptlyTV mostra o momento em que o artefato é disparado. Um tubo preto com ponta em forma de um pequeno cone pode ser visto soltando faísca na parte traseira. O artefato ganha velocidade e "levanta vôo", em uma trajetória errática. O artefato explode ao lado do rosto do profissional soltando faíscas para todos os lados, com efeito parecido com o de fogos de artifício. Na imagem não é possível ver quem acionou o explosivo.

    Veja vídeo

    Assista ao vídeo em tablets e celulares

    A Folha encontrou no chão um artefato semelhante ao que atingiu Santiago. O fotógrafo da agência Reuters Lucas Landau registrou a explosão de uma espécie de fogo de artifício dentro da estação Central do Brasil momentos antes. O efeito é o mesmo verificado na explosão do lado de fora. Bombas como essa foram vistas em mais de uma ocasião no protesto de ontem.

    Ainda não é possível dizer se de fato o que atingiu Santiago é um fogo de artifício. Uma foto de um site de venda de fogos mostra que o explosivo chamado "Rojão de Vara Treme Terra" é bem semelhante ao verificado pela reportagem e registrado nos vídeos.

    É comum, no Brasil e nos protestos ao redor do mundo, que esse tipo de artefato seja utilizado por manifestantes como arma. O fotógrafo Vasily Fedosenko, da agência Reuters, registrou um rojão sendo disparado por opositores radicais nos protestos recentes contra o governo da Ucrânia no final de janeiro.

    O fotógrafo Felipe Dana, da agência Associated Press, registrou no último dia 15 de outubro a explosão de uma bomba com efeito semelhante à vista ontem no protesto em que manifestantes atacaram a Câmara dos Vereadores do Rio com coquetéis molotovs, morteiros e rojões.

    Um segundo vídeo do protesto de ontem, publicado pela BBC, mostra os momentos seguintes à explosão, quando Santiago é socorrido por jornalistas e outras pessoas. O cinegrafista da rede britânica de notícias tira a própria camisa para tentar estancar o ferimento do colega (clique na imagem abaixo e veja o vídeo).

    Agência O Globo
    Cinegrafista da TV Bandeirantes é atingido por artefato durante manifestação no Rio de Janeiro
    Cinegrafista da TV Bandeirantes é atingido por artefato durante manifestação no Rio de Janeiro

    Outro vídeo, publicado pela página no Facebook Jornal Zona de Conflito mostra que no momento em que Santiago é atingido, policiais investiam contra manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo. O cinegrafista estava filmando a ação policial no meio do fogo cruzado, sem qualquer equipamento de proteção. Jornalistas que cobrem protestos costumam usar capacetes de motociclistas ou de skatistas e máscaras anti-gás como proteção.

    Ainda no vídeo, é possível observar que mesmo após o cinegrafista caído, a PM do Rio ainda atira mais uma bomba de gás lacrimogêneo na direção dos manifestantes. Três policiais se aproximam para ajudar no socorro do cinegrafista, que foi levado dentro da viatura policial para o hospital.

    Uma foto de Leo Correa, da Associated Press, traz também algumas dúvidas com relação às pessoas que participavam do confronto no entorno da Central do Brasil. Um homem sem camisa e com o rosto coberto por um lenço atira pedras na direção da polícia. Ele leva amarrado ao seu peito um rádio transmissor do tipo semelhante ao utilizado por traficantes de drogas das favelas cariocas.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024