"Começou fraco, depois veio forte. Caiu só 'bitela', parecia bola de golfe."
Foi assim que o frentista Paulo Ramos, 27, que trabalha em um posto de combustíveis no centro de Osasco, descreveu a chuva de granizo que atingiu parte da cidade na noite de ontem.
Pancadas de chuva localizadas, de curta duração, também atingiram a capital e outras cidades da Grande SP.
O CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da prefeitura paulistana, registrou chuva mais forte nas zonas norte e oeste –em alguns casos também com granizo.
"Começou umas 19h. Saí correndo para recolher as mesas de fora e uma pedra caiu na minha cabeça. Voltei com um galo", disse Atílio Notari, 66, dono de uma pizzaria na Vila Leopoldina (zona oeste).
Apesar do refresco, a chuva não foi suficiente para amenizar muito a sensação de calor –no mesmo horário, a temperatura era de 25º C no centro e 27º na zona leste. Nem para afastar a crise de abastecimento.
O sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de água de 9,8 milhões de pessoas na capital e no entorno, atingiu ontem o menor nível desde o início da medição oficial, na década de 1970.
Segundo a Sabesp, o volume de água armazenada chegou a 19,8% da capacidade das represas. Níveis abaixo dos 20% configuram situação extrema. Antigamente, volumes abaixo dessa marca nem contavam na medição, por serem considerados uma espécie de reserva do sistema.
Apesar da situação, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) voltou a descartar a possibilidade de racionamento por enquanto. Ontem, durante evento em Taubaté, disse acreditar que campanhas de redução no consumo e a previsão de chuvas no fim do mês irão melhorar a situação.
A Sabesp também vai dar desconto na conta de água de quem reduzir o consumo.
A companhia atribui a situação crítica das represas aos níveis de chuva e de calor, distantes das médias históricas. A chuva na capital ontem não deve causar impacto no sistema Cantareira, que depende das chuvas na nascente dos rios.
PREFEITURAS
Em nota, a Sabesp rebateu as prefeituras de Guarulhos e São Caetano do Sul, que afirmam sofrer corte na oferta de água. Nas duas cidades, serviços municipais compram da Sabesp e fazem a distribuição aos moradores.
A Sabesp diz que o volume fornecido a essas cidades está igual, mas as prefeituras reafirmaram que sofrem cortes desde semana passada.