O Palácio do Planalto pode negociar com o governo cubano um aumento no salário pago aos médicos do país que estão no Brasil participando do Mais Médicos.
A medida foi discutida ontem em reunião no Planalto entre os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), José Eduardo Cardozo (Justiça) e Arthur Chioro (Saúde).
O objetivo do reajuste seria evitar novas debandadas de profissionais do programa que possam comprometer não só a sua execução como também gerar prejuízos políticos para a presidente Dilma Rousseff, que tentará se reeleger no pleito de outubro.
O valor do reajuste para os médicos cubanos ainda não foi definido e depende de a presidente aprovar a ideia.
RESISTÊNCIA
Para o governo federal, essa seria uma maneira de tentar minimizar o que veem como "última resistência" ao programa Mais Médicos, lançado em julho.
As outras polêmicas que envolveram o programa, segundo o entendimento do governo, já estariam superadas. Primeiro, a dispensa da revalidação dos diplomas dos médicos estrangeiros, criticada pelos conselhos de medicina.
Segundo, a opção de trazer médicos cubanos -o que, para os críticos, revela os vínculos do governo do PT com Cuba e favorece financeiramente o outro país.
ABANDONOS
Na última semana, dois médicos cubanos anunciaram ter abandonado o programa -Ramona Rodriguez e Ortelio Jaime Guerra.
Rodriguez reclamou do salário que recebia de seu país -US$ 400 mensais e mais US$ 600 por mês depositados em uma conta em Cuba- e disse se sentir "enganada".
O governo cubano recebe R$ 10 mil por mês (cerca de US$ 4.170), por médico que está no Brasil trabalhando no programa, mesmo valor pago individualmente aos profissionais de outros países no Mais Médicos.
A Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) intermedeia o acordo com Cuba.
O salário pago efetivamente aos médicos cubanos era um mistério até o caso de Ramona vir a público.
Falava-se em um pagamento de 25% a 40% do total repassado pelo Brasil ao governo cubano.