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    Caixa de rojões como o que matou cinegrafista é vendida em SP a R$ 70

    GIBA BERGAMIM JR.
    DE SÃO PAULO

    11/02/2014 03h20

    O explosivo que, segundo a polícia, matou o cinegrafista Santiago Andrade pode ser comprado em qualquer loja legalizada de fogos de artifício. Chamado de "rojão de vara", é muito usado em festas de São João ou de Ano-Novo.

    Uma caixa com 12 explosivos custa entre R$ 70 e 110 em São Paulo.

    Especialistas, porém, acreditam que se trata de um artefato caseiro, fora dos padrões estabelecidos por lei.

    O comerciante Leonardo Gatti, da Fogos Flames, explica que a bomba leva esse nome por ter uma vareta que serve de suporte para o acionamento de forma segura.

    Na embalagem do modelo mostrado por ele à Folha, há a indicação de que a bomba deve ser colocada num suporte para fixar a vareta. Só assim o rojão deve ser acionado.

    "Lá no Rio, ficou claro que essa vareta não fazia parte dos fogos. Por isso que ele acionou e largou o explosivo no chão. Quando o fogo chegou à carga do rojão, ele saiu sem direção", explicou.

    Anderson Queiroz, dono da Dércio Fogos, disse que durante a série de protestos em São Paulo, em 2013, jovens procuraram sua loja para comprar fogos. "Não vendi. Se acontece algo, a culpa é de quem vendeu."

    Queiroz e Claudio Roberto Buccieri, o Zebra, também especialista em fogos, afirma que o artefato usado no Rio é caseiro. "O rojão que acertou o cinegrafista tem a base preta, mais grossa, e tem a propulsão menor do que o rojão de vara de fabricação controlada", disse Zebra.

    Editoria de Arte/Folhapress

    PROPULSÃO

    Segundo Zebra, revendedor de fogos há 30 anos, há uma série de diferenças entre os "rojões de vara" legalizados mostrados pela polícia e os clandestinos. Ele afirmou que o artefato caseiro pode ter mais pólvora que o permitido e acionamento irregular.

    Ele disse, porém, que um rojão de vara tradicional tem propulsão maior do que o caseiro. "A explosão só acontece a mais de 100 m de onde o rojão partiu. O rapaz [manifestante] acendeu e já explodiu a 20 metros dele, acertando o cinegrafista", disse.

    Ainda segundo os especialistas, a bomba que atingiu Andrade mistura efeitos luminosos com explosões, o que não acontece nos rojões de vara comerciais.

    "Era uma bomba mista. O cara juntou tudo o que tinha [de pólvora] e colocou ali. Os originais são ou de tiro [explosão] ou de luz", afirmou Zebra.

    O pavio, escuro e comprido, também é diferente dos de rojões convencionais, geralmente coloridos e curtos.

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