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    Rio de Janeiro

    Vereadores do PSOL e delegado fizeram doações para manifestantes

    BRUNA FANTTI
    DO RIO

    13/02/2014 21h07

    Uma planilha com prestação de contas, divulgada nas redes sociais, identifica dois vereadores, um delegado da Polícia Civil e um juiz do Tribunal de Justiça como doadores para um ato organizado por manifestantes que participam dos protestos de rua no Rio.

    Ontem, o advogado Jonas Tadeu Nunes, que representa os dois suspeitos de lançar o rojão que matou um cinegrafista na semana passada, afirmou que manifestantes são aliciados para promover tumultos. Ele não citou nomes na ocasião, mas apontou que o esquema tem o envolvimento de políticos.

    A ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho, disse à Folha ter ajudado a elaborar a tal planilha, relacionada a valores arrecadados para uma festa promovida na praça da Cinelândia no dia 23 de dezembro 2013, batizada de "Celebração da Rua - Mais Amor, Menos Capital".

    O evento tinha como propósito, segundo os organizadores, arrecadar doações (agasalhos, alimentos e brinquedos) para moradores de rua e vítimas de enchentes.

    Na ocasião, de acordo com o documento, o delegado Orlando Zaccone doou R$ 200. Os vereadores Renato Cinco e Jefferson Moura, ambos do PSOL, contribuíram com R$ 300 e R$ 400, respectivamente.

    Zaccone disse que fez a doação após ser procurado por Elisa Quadros.

    "Ela me ligou e pediu dinheiro para esse ato beneficente, em 23 de dezembro. Não só doei como participei deste ato, voltado para mendigos, e organizado pelo pessoal do Ocupa Câmara", afirmou Zaccone à Folha.

    Outro colaborador citado seria o juiz João Damasceno, que teria repassado R$ 100. O magistrado diz que "não contribuí financeiramente para qualquer manifestação ou entidade da sociedade civil que as convoque".

    O juiz Damasceno participou de um vídeo, que tinha a participação de vários artistas, em apoio aos protestos. Nele, fazia críticas à "criminalização dos manifestantes", que considerava uma "violência do Estado".

    Em nota, o vereador Jefferson Moura informou que a doação foi realizada por assessores de seu gabinete. "Não foi uma doação direta do parlamentar. Foi realizada uma vaquinha no gabinete para o evento, que totalizou R$ 400".

    Renato Cinco confirmou ter dado R$ 300 para a "compra de alimentos".

    Elisa Quadros disse à Folha ter todas as notas fiscais comprovando que o dinheiro foi gasto com os alimentos usados na ceia de Natal servida na praça da Cinelândia, local ocupado durante semanas por manifestantes, que acamparam no local.

    Ao divulgar a prestação de contas pelo Facebook, Elisa acabou criticada por outros manifestantes descontentes com a colaboração de políticos.

    Em uma mensagem publicada em 19 de janeiro, a ativista reagiu: "Uma palhaçada, uma inquisição virtual (...). Eles (os vereadores) deram dinheiro sim e não foi nenhum segredo. Fizemos reuniões onde isso foi discutido e questionado."

    CORINGA

    O estudante de Direito Cleyton Carlos Silbernagel, 24, que se fantasia do personagem Coringa nas manifestações, postou hoje no Youtube um vídeo, em que mostra partes da planilha.

    Segundo o estudante, "tinha Black Bloc organizando a ceia, pois o evento foi organizado pelo Ocupa Câmara, e todos sabiam que ali tinha Black Bloc. O mesmo que ajudar em uma festa promovida por eles, é ajudar o movimento".

    Ele diz que é amigo de Caio Souza Silva, suspeito de ter acendido o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade -que seria um dos administradores, usando o nome Dik ou Dikvigari Vignole. Caio usaria a expressão Censura Negada no whatsapp para se identificar.

    "Eu era Black Bloc e o encontrei nos protestos e dei esse apelido. Ele fundou uma página no Facebook com esse codinome", disse.

    A página faz apologia à tática Black Bloc e, de acordo com Coringa, seria um grupo contrário aos militantes ligadas à ativista Sininho.

    "Ela é líder dos ativistas e determina quem pode ou não ficar nos locais. Me expulsou da Aldeia Maracanã. Criei o Coringa em oposição ao Batman, pois o Batman é financiado pelo PSOL e ironiza as milícias, que o deputado Marcelo Freixo combateu", disse. Um dos grupos de milicianos era conhecido como "Liga da Justiça", e tinha como símbolo justamente esse superherói.

    O deputado estadual Marcelo Freixo nega as acusações e declarou: "Já tenho muito problema com o mundo real, não quero ter com Gothan City. Mas ele vai ter que se explicar não com o comissário Gordon, e sim com a Justiça, pois vou processá-lo".

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