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    Com espírito anti-Copa, Curitiba aborta 'ônibus do Mundial'

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    19/02/2014 12h28

    Um ônibus biarticulado plotado com os símbolos da Copa, como o mascote Fuleco, e a frase "Curitiba é do mundo" foi abortado após os protestos de junho na capital paranaense, no ano passado.

    A plotagem, à qual a Folha teve acesso, já estava pronta para ser aplicada nos veículos. Com o movimento "antiCopa", porém, a ideia foi cancelada, para evitar depredação.

    Além dos "ônibus da Copa", Curitiba ficou sem qualquer publicidade relativa ao evento desde junho, quando o prefeito Gustavo Fruet (PDT) diminuiu a tarifa do transporte público por causa das manifestações.

    Estelita Hass Carazzai/Folhapress
    Modelo de ônibus biarticulado para a Copa que foi abortado em Curitiba após os protestos de junho de 2013
    Modelo de ônibus biarticulado para a Copa que foi abortado em Curitiba após os protestos em 2013

    Foram R$ 8 milhões que deixaram de ser gastos em campanhas sobre o Mundial na cidade desde o ano passado.

    Para o presidente do Instituto Municipal de Turismo, Paulo Colnaghi, a escolha foi coerente com o momento, mas prejudicou o vínculo dos moradores com o evento.

    Nesta quarta-feira (19), há pelo menos dois grupos que organizam protestos contra a Copa -ontem mesmo, cerca de 60 pessoas participaram de uma passeata na cidade.

    "Eu ouço muito: 'Ah, mas nosso dinheiro foi para o estádio do Atlético-PR [dono da arena que vai receber os jogos].' Gente, pelo amor de Deus, para. Misturam tudo", afirmou Colnaghi à Folha. "Vai haver um ganho enorme para a cidade com a Copa."

    Ele destaca especialmente os benefícios ao turismo: Curitiba prevê um aumento de 30% a 40% no número de visitantes estrangeiros a partir de 2015. "Imagine: 1 bilhão de pessoas vão ver as imagens da cidade na TV. Isso é fantástico", disse.

    CIDADE DIVIDIDA

    Curitiba ficou ameaçada de não participar da Copa com o atraso nas obras do estádio. Ontem, após quatro semanas de aceleração das obras, a Fifa confirmou que a cidade permanece como subsede.

    Em entrevista à imprensa após o anúncio, o prefeito Fruet declarou que "a cidade sofreu" e "ficou dividida" com a possibilidade de exclusão. "Mas mesmo quem tinha críticas ao evento ficaria muito mais frustrado se ele fosse cancelado", disse.

    Para ele, a crise provocou uma "unidade" em torno da Copa.

    A ideia da prefeitura agora é mostrar que Curitiba, reconhecida como modelo em urbanismo e transporte público, pode fazer "uma Copa muito bem feita" e deve "preservar sua imagem". A tentativa é unir os moradores com esse propósito.

    "Vamos mostrar que nós sabemos honrar compromisso e que há todo empenho para que a Copa aconteça", declarou Fruet ontem.

    Mesmo com o novo discurso oficial, não há previsão de retorno da publicidade da Copa -tampouco dos ônibus.

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