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    Senado rejeita reduzir maioridade penal de 18 para 16 anos

    GABRIELA GUERREIRO
    DE BRASÍLIA

    19/02/2014 13h36

    A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) rejeitou nesta quarta-feira (19) proposta que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos em crimes hediondos e casos específicos, como os crimes inafiançáveis, tortura, terrorismo, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins.

    A comissão analisou conjuntamente sete PECs (propostas de emenda à Constituição) que tratavam da redução da maioridade penal. O relator, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), recomendou a rejeição de seis delas e a aprovação de apenas uma –de autoria do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que reduzia a maioridade para 16 anos nos crimes hediondos e casos específicos.

    Como a comissão rejeitou o relatório de Ferraço, Nunes disse que vai recorrer da decisão da comissão para levar a discussão ao plenário da Casa. Ele precisa do apoio de um décimo dos senadores (9 no total) para evitar que a proposta seja definitivamente arquivada. Oito membros da comissão votaram a PEC e 11 contrários, o que derrubou a matéria na comissão.

    No plenário, Nunes disse acreditar que a matéria tenha apoio da maioria dos senadores. "Muitos manifestaram o desejo de continuar discutindo a matéria, a votação foi muito apertada. Vamos ao plenário com a discussão contrária da comissão", afirmou.

    O PT votou unido contra a PEC de Aloysio Nunes, mantendo a posição do governo federal contrária à redução da maioridade penal.

    "A gente teria que discutir no âmbito do ECA a forma como poderíamos fazer gradações diferentes e responsabilizações dessa redução penal. Proponho suspender a discussão para debatermos no âmbito do ECA", disse a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ex-ministra da Casa Civil.

    O PMDB, principal aliado do governo, votou a favor da proposta de Aloysio Nunes –e promete repetir a postura se a discussão chegar ao plenário da Casa. "Você tem que dar respostas à sociedade nessa onda de violência. Não dá para se fechar a tudo isso", afirmou o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

    Presidente da CCJ, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) disse que a comissão agiu de forma "democrática", mas que o Senado não pode se furtar ao debate do tema.

    PROPOSTA

    A PEC de Aloysio Nunes prevê a redução para 16 anos em casos específicos, como crimes inafiançáveis (tortura, terrorismo, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e crimes hediondos) ou reincidência, desde que haja parecer do promotor da infância e autorização da Justiça.

    Há, contudo, sugestões mais radicais que foram rejeitadas no relatório de Ferraço, como a que considera penalmente imputáveis os maiores de 13 anos em caso de crimes hediondos; ou proposta que, além reduzir a maioridade para 16 anos, torna o voto obrigatório para a mesma idade.

    A mais antiga delas tramita desde 1999 no Senado, que pela primeira vez analisou o tema nessa legislatura. No entanto, o governo federal e o PT são radicalmente contrários a qualquer mudança na lei.

    Hoje, um adolescente que comete crime pode ficar internado por, no máximo, três anos e até os 21 anos. O crime não fica registrado nos antecedentes do jovem.

    No ano passado, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), encaminhou ao Congresso projeto para elevar de três para até oito anos o tempo de internação de jovens que cometem delitos graves. Isso ocorreu depois que um estudante foi morto na capital do Estado por um adolescente apreendido um dia antes de completar 18 anos.

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