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    Brasil tem uma emergência médica por dia em aviões

    RICARDO GALLO
    DE SÃO PAULO

    23/02/2014 03h00

    A cada dia, ao menos uma emergência médica ocorre em voos comerciais que saem do Brasil ou chegam ao país, em casos que vão de desmaios a paradas cardíacas.

    Os dados são de atendimentos feitos pela Medaire, que dá assistência remota a 120 companhias aéreas no mundo, entre elas a TAM.

    Em 2013, foram 371 casos em voos internacionais em que o Brasil foi origem ou destino; duas pessoas morreram. No mundo, a empresa Medaire, líder do setor, fez 28.868 atendimentos médicos, 79 por dia -houve cem mortes.

    O número mundial certamente é maior, a considerar que há empresas que contam com assistência própria e as que usam outro prestador.

    Baseada nos EUA, a empresa mantém um centro 24 h anexo ao pronto-socorro de um hospital em Phoenix, de onde atende chamados feitos das aeronaves por telefone ou rádio. Os médicos vêm do PS.

    O mais comum é o passageiro desmaiar sob emoção ou perigo, na chamada síndrome vaso-vagal, diz o cardiologista Paulo Alves, 58, diretor da Medaire, ex-Varig.

    Em seguida há problemas gastrointestinais (diarreias), respiratórios (como asma) e cardiovasculares, como dores no peito. Contribui para a piora o ambiente pressurizado e seco do interior dos aviões.

    Foi por causa de um passageiro com dor no peito e dormência nas pernas que o comandante da Gol Marcelo Ceriotti, 33, teve que desviar um voo, sete meses atrás -o avião ia de Guarulhos a Recife, mas parou em Salvador.

    Ele perguntou pelo alto-falante se havia médico a bordo com carteira do CRM, exigida para operar o kit médico disponível na aeronave.

    Como o caso exigia cuidados, Ceriotti, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, desviou o voo. Socorrido, o passageiro sobreviveu.

    Nem sempre a sorte está a favor. Em 2 de janeiro de 2013, Helen Leite, 25, havia saído do banheiro em um avião da American quando se sentiu mal e caiu no corredor. Pediu socorro, mas logo desmaiou.

    O voo, que havia partido de São Paulo, estava a uma hora de aterrissar em Houston. Ao chegar, Helen estava morta, diz o radialista Carlos Zucarelli, tio dela. A causa da morte não foi claramente identificada. Segundo o tio, ela não tinha nenhuma doença.

    Em geral, as empresas não abrem seus dados. De sete consultadas, duas o fizeram. Na Azul, foram 15 emergências nos últimos dois anos; na Air France, duas, em 2013.

    O total de emergências é pequeno: há 74,8 mil decolagens por dia no mundo, diz a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo).

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