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    ONG tenta coibir turismo sexual com crianças

    SABINE RIGHETTI
    ENVIADA ESPECIAL AO NORDESTE

    23/02/2014 03h40

    Enquanto o governo prepara estádios e aeroportos para a chegada dos turistas na Copa do Mundo, há quem se preocupe com o impacto negativo dos visitantes -por exemplo, o aumento da exploração sexual infantil.

    Hoje, o Brasil é conhecido internacionalmente por estar na rota de quem procura fazer sexo com menores de idade. Não será diferente em junho, quando o país receberá um grande fluxo de pessoas.

    O turista da Copa em geral é um homem jovem. "Ele assiste um jogo e depois pode fazer turismo ou procurar alternativas ilegais", diz July Abe de Lima, assistente técnica da ONG britânica Plan.

    A reportagem da Folha acompanhou por cinco dias o trabalho da Plan no Nordeste que tenta chamar atenção para o turismo sexual.

    Uma das principais ações está nas escolas, onde é feito um trabalho educativo sobre o que é sexualidade, o que é exploração, o que é crime.

    A dificuldade é que algumas vezes as crianças não entendem a relação com o turista como exploratória.

    "O estrangeiro chama a menina para sair, paga um jantar e faz sexo. Para a menina, foi só um agrado. Mas isso é crime", diz Gustavo Barbosa, advogado e ativista dos direitos das crianças.
    "Os pais até incentivam na esperança de que a menina encontre um 'príncipe' e a leve para o exterior."

    É crime ter relações sexuais com menores de idade -e pode virar crime hediondo, no caso dos menores de 14 anos, se um projeto de lei aprovado no Senado passar também na Câmara dos Deputados.

    Editoria de Arte/Folhapress

    O esquema das meninas e meninos é montado com taxistas e donos de baladas e de hotéis, que fazem o contato com os turistas.

    Por isso, a Plan também atua nesses locais.

    "Atendo uma média de 50 turistas por dia, a maioria é estrangeiro. Posso dizer que metade deles pergunta por menininhas", conta Marcone Barros, proprietário de um bar em Tibau do Sul (RN).

    Lá e em demais cidades turísticas do Nordeste, um programa com uma menor pode sair por cerca de R$ 150.

    "Eu não percebia que o problema estava ao meu redor. Hoje, quando vejo um turista com uma menininha, denuncio", diz Adief Correia, dono de um restaurante turístico em Tamandaré (PE).

    O Ministério do Turismo lançou no final de janeiro uma campanha com 150 mil peças publicitárias sobre o turismo sexual infantil. Todo o material está em português.

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