Foi preso na noite de ontem Dione Mariano da Silva, 24, suspeito de ser o responsável pelo assalto à copeira que acusou, por engano, o ator Vinícius Romão, 27.

Silva foi preso no Engenho de Dentro, zona norte do Rio, mesmo bairro onde a copeira Dalva Moreira da Costa foi assaltada. Segundo moradores do bairro, ele é morador de rua.

De acordo com o delegado Marcelo Ambrósio, Silva foi preso baseado nas semelhanças físicas com Romão. "Por enquanto nos baseamos nisso, porque não há provas e não havia mandado de prisão contra ele", disse o delegado

Silva negou aos policiais ter envolvimento com o assalto à copeira. Ele foi preso por policiais que realizavam diligência na região e levado para a 26ª DP (Todos os Santos), onde vai passar a noite.

	Divulgação/Daniel Marenco/Folhapress
	Suspeito de assaltar mulher no Rio (esq.) ao lado do ator preso após identificação falsa

Segundo o delegado Marcelo Ambrósio, Silva foi encontrado em um posto de lava-jato às 20h com um revólver calibre 32 munido de seis balas.

"Recebemos informações de moradores de que havia um homem parecido com o ator preso por engano perambulando por aqui. Fomos até o local indicado e prendemos o rapaz, que tinha uma camiseta e um par de tênis. Dentro de um deles estava a arma", relata o delegado.

Ainda de acordo com o titular, Dione tem um registro na 24ª DP (Piedade) por furto. Ele foi indiciado por porte irregular de arma e, amanhã, seguirá para o procedimento de triagem na Casa de Detenção Patrícia Acioli, em São Gonçalo, região metropolitana.

Também à frente da investigação, o delegado Niandro Lima, titular da 25ª DP (Engenho Novo) informa que o próximo passo é divulgar a imagem do suspeito para identificar outras vítimas. "Ele apenas confessou ser usuário de drogas e ter cometido outros furtos, mas negou envolvimento neste caso", relata.

Ainda, conforme Lima, serão ouvidos uma irmã de Dione, a copeira Dalva Moreira da Costa e o policial que prendeu Vinícius Romão.

ENGANO

O ator Vinícius Romão, 27, ficou preso por 16 dias após uma identificação falsa. Ele foi solto apenas depois da vítima do assalto dizer que "existe a possibilidade de ter havido um equívoco [na hora de reconhecer o jovem], um erro devido ao nervosismo na ocasião".

Ciente do noticiário que falava na possível inocência do ator, de que ele poderia ter sido confundido com o verdadeiro assaltante, Dalva admitiu na delegacia que, no dia do assalto, "ficou em dúvida se tinha sido realmente ele o autor do roubo". A bolsa que teria sido roubada não foi encontrada com ele.

A copeira disse que chegou a pensar em retornar à polícia no dia seguinte para "retirar a queixa", e que só não o fez por não ter o dinheiro da passagem. Ela destacou ainda que tem certeza que o policial que passava pelo local e prendeu o jovem em flagrante, "mesmo hesitante", só conduziu o ator à delegacia porque ela o reconheceu na hora como autor do crime.

O ator fez parte do elenco da novela "Lado a Lado", da TV Globo. Formado em psicologia, nos últimos meses, trabalhava como vendedor em um shopping na zona norte do Rio e voltava para casa na hora da abordagem policial.

A ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, criticou a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio por prenderem injustamente o ator.

"Eu acho que a polícia do Rio errou, o Ministério Público errou, mas eu vejo esses erros em muitas polícias do Brasil, em muitos Ministérios Públicos do país, e em muitas outras instituições. Então, na verdade não se trata só de cobrar da polícia, mas da sociedade inteira e de todas as instituições", disse a ministra.