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    Rio de Janeiro

    Fui a protestos e me senti injustiçado, diz maior empresário de ônibus do Rio

    CRISTINA GRILLO
    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO

    09/03/2014 02h30

    O sobrenome Barata virou sinônimo de problemas no transporte público do Rio e alvo dos protestos contra o reajuste da tarifa dos ônibus.

    À frente da empresa da família, sócia de 11 das 42 viações que operam no município, Jacob Barata Filho, 60, aproveitou-se do fato de ser pouco conhecido -são raras entrevistas e fotografias- para se infiltrar nos protestos e ouvir queixas. Sua conclusão: há "total falta de informação".

    Barata se emocionou ao falar do protesto no casamento da filha, no Copacabana Palace, e se queixou do boato de que é cunhado do governador.

    Daniel Marenco/Folhapress
    Jacob Barata Filho, cuja família é sócia de 26% das viações de ônibus do Rio
    Jacob Barata Filho, cuja família é sócia de 26% das viações de ônibus do Rio

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    Folha - Como o sr. avalia o setor de transporte no Rio?

    Jacob Barata Filho - A relação institucional mudou, estamos nos adaptando. Temos pela primeira vez uma política de investimento de infraestrutura e contrato de concessão [de 2010] que deixa claro direitos e deveres.

    Mas sempre se falou que as empresas decidem tudo.

    Gostaria muito que tivesse sido assim um dia. Nunca mandamos no governo. A maior prova é o monte de vans que surgiu de 2000 para cá e pegou 30% do mercado.

    O que o sr. acha de dizerem que há a "máfia do ônibus"?

    Pejorativo. Naturalmente há políticos que ajudamos a eleger, com trabalho nas empresas. Como há bancada ruralista, há a do transporte.

    Como é essa relação? A concessionária não pode doar.

    É pessoal. Temos certa influência junto aos funcionários. São pessoas em cujo trabalho acreditamos e pedimos para que votem nelas.

    Na CPI dos Ônibus, vereadores que não firmaram o pedido foram nomeados para a comissão. Eles são dessa bancada?

    Não temos relação com essa turma. A bancada dos transportes atua mais nacionalmente. Só o fato de ter sido instalada a CPI mostra que não temos controle.

    Mas a CPI aconteceu num momento que fugiu do controle, que depois se tentou retomar?

    Ao contrário. Nós nos preparamos para ir à CPI para mostrar a transparência que dizem não existir. O que queremos é que, quando passar um ano sem ter reajuste, alguém pague a conta.

    O governo estadual subsidiará tarifas. Já o prefeito Eduardo Paes (PMDB) diz que "não dará dinheiro para português"...

    Nosso prefeito poderia ser um pouco mais carinhoso. O último português no negócio tem quase 80 anos [Jacob Barata, seu pai] e méritos de ter sido pioneiro no setor.

    O que achou dos protestos contra aumento da tarifa?

    A única coisa espontânea era o pedido de tarifa zero. Mas será que vale a pena o governo gastar dinheiro da educação e saúde para a pessoa não pagar R$ 3?

    A tarifa zero subsidiada é o melhor para os empresários?

    Lógico. Não tem confusão para aumentar, nem pressão.

    O sr. esperava que as manifestações tomassem essa dimensão?

    Não. Como não sou conhecido, até desci para acompanhar e falar com as pessoas.

    Como se sentiu no meio de gente criticando seu trabalho?

    Mal, aborrecido e muitas vezes injustiçado.

    O que chamou sua atenção?

    A falta de informação. A maior lenda urbana é que a Adriana Ancelmo [primeira-dama do Rio] é filha do meu pai. De repente virei cunhado do governador.

    O que mais incomodou no protesto no casamento de sua filha?

    A agressão aos convidados. Pode fazer o protesto que quiser, mas xingamento, agressões, quebra de carros é inadmissível. Estragou a festa da noiva e do pai dela.

    O sr. anda de ônibus?

    Às vezes, como controle de qualidade. Mas já andei muito de ônibus.

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