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    Ceagesp decide suspender cobrança de estacionamento após tumulto

    DE SÃO PAULO

    14/03/2014 19h22

    A Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) afirmou na noite desta sexta-feira que vai suspender a cobrança do estacionamento iniciada ontem (13). A medida foi o estopim do tumulto que terminou em depredações e incêndios hoje.

    O presidente da companhia, Mário Maurici de Lima, afirmou que a medida será avaliada e não tem data definida para ser retomada. O local também não abrirá para o público neste final de semana por conta dos danos ocorridos hoje. Apenas cargas e descargas ocorrerão.

    A tarifa para os caminhões de dois eixos começava em R$ 4, para a permanência até quatro horas, e subia progressivamente até R$ 50 para um período acima de dez horas. Para caminhões de 3 a 6 eixos, o teto era R$ 60 -automóveis tinham valores diferenciados.

    Manifestantes insatisfeitos com a nova cobrança danificaram as cabines no portão três e incendiaram ao menos um caminhão, um carro, o prédio administrativo e outro imóvel, além de uma caçamba de lixo.

    A Tropa de Choque da Polícia Militar foi acionada durante a confusão e usou bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes. Seguranças da Ceagesp chegaram a atirar para o alto para tentar espantar um grupo que tentou invadir o prédio administrativo.

    Um manifestante ficou ferido e passou por cirurgia no Hospital Universitário da USP. Segundo um colega de trabalho, Wellington Washington dos Santos, 23, trabalha no conserto de caixas de madeira e apenas observava o tumulto quando foi atingido por um tiro no abdômen.

    "Não eram carregadores nem motoristas (que depredaram o patrimônio da companhia). Foi uma ação orquestrada, foi ação de bandidos, não sei a mando de quem. O mercado precisa ser recuperado", disse o presidente da Ceagesp. A companhia diz que haverá um esforço grande para consertar os equipamentos para reabertura na próxima segunda-feira (17).

    A C3V, concessionária responsável pela organização do sistema viário do Ceagesp, lamentou o ocorrido e disse que a implantação da cobrança de tarifa começou a ser informada aos comerciantes, caminhoneiros e frequentadores da Ceagesp no primeiro semestre de 2013.

    "De lá até hoje, houve inúmeras reuniões e visitas a associações e comerciantes, foram afixados cartazes e faixas, distribuídos panfletos e concedidas entrevistas à imprensa, informando sobre a operação iniciada ontem", informou a concessionária.

    Já o Sindbast (Sindicato dos Empregados em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado) afirmou em nota que repudia a violência, mas que "os dirigentes brincaram com fogo ao impor a cobrança do estacionamento, totalmente inoportuna neste momento."

    O sindicato afirmou ainda que "oportunistas infiltrados se aproveitaram para promover o famoso quebra-quebra". Ele acrescentou que "a cobrança do estacionamento é um problema secundário. A grande questão é que a cidade não comporta mais a Ceagesp no local onde está atualmente."

    OUTRAS MEDIDAS

    A cobrança do estacionamento é apenas um dos pontos da grande reformulação que está ocorrendo na Ceagesp, segundo o presidente da companhia. "Estamos implantando 360 câmeras para saber onde há problema do Ceagesp, não se trata somente de cobrança", afirmou.

    Ele afirmou que, a partir de 20 de março, será impedido o acesso de veículos que não tenham relação com o Ceagesp. Para isso, será feito um cadastro de quem atua no local.

    Lima aponta que as pessoas que vão aos varejões de fim de semana, nada vai mudar. "Para automóvel de passeio, sempre foi cobrado e continuará sendo cobrado".

    Segundo ele, o que está sendo feito é uma mudança que não se vê desde a fundação do Ceagesp, há 46 anos.

    "Esse espaço foi ocupado irregularmente de maneira privada aqui há mais de 40 anos. O Ministério Público está nos cobrando, por exemplo, para acabar com prostituição e trabalho infantil aqui. Nosso esforço é para regularizar tudo isso", disse.

    A Ceagesp é uma empresa federal há 18 anos, quando a União comprou o entreposto do governo estadual.

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