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    Alckmin pede para usar água federal em SP

    DANIELA LIMA
    EDUARDO GERAQUE
    DE SÃO PAULO

    19/03/2014 03h10

    Em meio a uma crise hídrica, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi ontem a Brasília pedir à presidente Dilma Rousseff (PT) autorização para captar água da bacia do rio federal Paraíba do Sul e despejá-la no sistema Cantareira, que opera com o nível mais baixo de sua história.

    Se implementada, a medida vai auxiliar na recuperação do sistema, que abastece 8,8 milhões de pessoas na Grande São Paulo e, ontem, tinha 14,9% da capacidade.

    Alckmin esteve ontem no Palácio do Planalto para uma reunião com a presidente, a ministra do Meio Ambiente, Izabela Teixeira, e dirigentes da Sabesp e da ANA (Agência Nacional de Águas) -a esta última cabe autorizar formalmente a operação.

    O governador tucano havia conversado com a presidente, a sós, há nove dias.

    Segundo interlocutores, já naquela ocasião Alckmin e Dilma falaram sobre a crise de abastecimento no Estado.

    O Paraíba do Sul é interestadual. Hoje, ele é responsável pelo abastecimento de 15 milhões de pessoas. Só no Rio de Janeiro, incluindo a capital, são cerca de 10 milhões.

    Do ponto de vista técnico, o uso de suas águas no abastecimento da Grande São Paulo é discutido há mais de cinco anos. Há, inclusive, um projeto de lei na Assembleia paulista sobre o tema.

    Editoria de Arte/Folhapress

    A proposta nunca saiu do papel porque a transposição para as represas do Cantareira sempre enfrentou resistências de técnicos do Rio.

    Eles avaliam que o uso da água para a Grande São Paulo pode significar menos água tanto para o Rio quanto para as cidades do Vale do Paraíba, em São Paulo, que também recebem água do Paraíba do Sul.

    A ideia do governo de São Paulo é utilizar águas da bacia do Paraíba que estão em reservatórios atualmente subutilizados, originalmente destinados à geração de energia.

    No caso de a transposição ser aceita pela ANA, agência federal que regula a captação de água dos rios que passam por mais de um Estado, existem três possibilidades já apontadas em estudos feitos pelo governo de São Paulo para viabilizar o desvio da água para o Cantareira.

    A Folha apurou que o volume a ser retirado da bacia do Paraíba seria de 5.000 litros por segundo. Isso significa até 20% do que é produzido pelo sistema Cantareira. As operações previstas envolvem obras, como túneis ou canais.

    Segundo o plano diretor de recursos hídricos de São Paulo, os custos, em sua totalidade, podem ultrapassar a casa dos R$ 300 milhões. O prazo para execução seria de mais de quatro meses.

    DIVIDENDOS ELEITORAIS

    Em eventos técnicos, feitos desde o fim do ano passado, os diretores da ANA sempre demonstraram tendência favorável ao pleito de São Paulo de retirar água do rio. A resistência, portanto, ficaria circunscrita ao Estado do Rio e a cidades do Vale do Paraíba.

    Nesta semana, depois da primeira conversa com Alckmin, a presidente esteve com o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).

    Do ponto de vista político, um auxílio de Dilma a Alckmin renderia dividendos eleitorais tanto para a petista quanto para o tucano. Alckmin evitaria o rodízio no Estado. Dilma, por sua vez, apareceria como responsável por resolver a crise no Estado.

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