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    Salas de aula viram quitinetes e cheia interrompe ano letivo em Rondônia

    LUCAS REIS
    ENVIADO ESPECIAL A PORTO VELHO (RO)

    19/03/2014 12h35

    Em vez de carteiras escolares, há cama, sofá e guarda-roupa. Próximo à janela, um fogão compõe a cozinha improvisada, e a lousa ostenta os porta-retratos de família.

    Salas de aula de 22 escolas municipais e estaduais de Porto Velho se transformaram em quitinetes improvisadas por famílias desabrigadas pela cheia história do rio Madeira, em Rondônia, que completa um mês.

    A ocupação das escolas públicas atrasa o ano letivo no Estado. Ao menos 16 mil crianças e adolescentes estão sem aulas por conta da crise.

    Em algumas escolas, até duas famílias dividem uma única sala de aula. Os pátios são utilizados para tarefas como lavar roupa e banho das crianças, que sofrem com o calor dentro das salas.

    "Viver assim é difícil mesmo, as famílias se dão bem, mas falta espaço e privacidade", diz a dona de casa Francisca Braga de Albuquerque, 62, enquanto lava a roupa dos seus quatro filhos, todos agrupados em uma sala de aula de uma escola estadual.

    A maior parte da comida é doada pela população da cidade e distribuída pela Defesa Civil. E cada família cozinha a própria refeição, dentro da sala. "Só pediram pra gente não colocar o fogão perto da lousa para não manchar", diz Francisca.

    A Defesa Civil diz que prepara a retirada das famílias das escolas para que o ano letivo possa ser retomado. Elas devem ser encaminhadas a um ginásio esportivo.

    Segundo o último relatório do órgão, das 760 famílias abrigadas provisoriamente, 406 estão em escolas e creches. Dos 41 abrigos, mais da metade são escolas. Igrejas e entidades assistenciais são outros locais usados para abrigar as famílias.

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