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    Rio de Janeiro

    Após ataques às UPPs, Manguinhos ganha reforço policial e suspende aulas

    DO RIO

    21/03/2014 12h51 Erramos: o texto foi alterado

    O governo do Rio reforçou o policiamento nas 38 UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) da capital nesta sexta-feira (21), após uma série de ataques coordenados a quatro delas na noite de ontem.

    Em Manguinhos, na zona norte, onde dois policiais ficaram feridos e dois carros e cinco bases policiais foram queimadas, as escolas suspenderam as aulas. Segundo a coordenação das UPPs, um dos feridos é capitão da unidade, que levou um tiro na perna. O outro policial, um soldado, ficou ferido após ser atingido por uma pedra na cabeça.

    Parte da comunidade continuava sem luz na manhã de hoje, após os transformadores terem sido atingidos pelo fogo ontem. Por volta das 10h30, ainda era possível ver amontoados de lixos queimados nas vielas de entrada da favela.

    O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, disse ontem à imprensa que "todos os policiais estão de prontidão, com folgas diminuídas, ocupando espaços na cidade para evitar que haja qualquer tipo de ameaça ao cidadão carioca". Ele ainda afirmou que tem informações de que novos ataques podem acontecer hoje.

    Segundo a Folha apurou a Rocinha e o Morro dos Macacos estão em alerta porque seriam os possíveis alvos.

    Ale Silva/Futura Press/Folhapress
    Policiamento é reforçado após o comandante da UPP de Manguinhos, Gabriel Toledo, ser baleado
    Policiamento é reforçado após o comandante da UPP de Manguinhos, Gabriel Toledo, ser baleado

    O Bope só reforçou o policiamento durante a madrugada na região. Hoje o reforço é de apenas 40 policiais de UPPs em Manguinhos.

    Um PM ouvido pela Folha disse que o clima é hostil e há boatos de que haverá novos ataques. "Eles dizem que vão atacar uma favela com UPP, mas atacam outra para confundir a gente. A verdade é que a gente fica vulnerável em determinados pontos", disse o policial, que pediu para não ter o nome divulgado.

    Ao meio-dia começaram a chegar novos contêineres - escoltados por PMs. Moradores observavam a passagem deles e era alguns gritavam frases de ameaça de ataque.

    "Não adianta, vai furar.. hein. Vou quebrar tudo", gritou um jovem sem camisa. "Mais um para tacar fogo. Não vai sobrar nada", falou outro em voz alta.

    Ontem, o confronto começou por volta das 18h30 e chegou a fechar, por mais de meia hora, a estação de trem do local por questões de segurança. De acordo com informações da UPP de Manguinhos, a base da unidade foi atacada por criminosos, e a polícia revidou.

    "Está havendo uma falta de respeito com a polícia porque eles [bandidos] querem ser mais do que os PMs. Os tiros começaram aqui no Arará [favela] e se intensificaram em Mandela e Manguinhos", afirmou um aposentado, morador da região há mais de 45 anos, que pediu para não ter o nome revelado com medo de retaliação.

    APOIO FEDERAL

    Após os ataques, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), marcou uma reunião com a presidente Dilma Rousseff hoje, em Brasília, para solicitar o envio de das Forças Federais ao Rio -detalhes da negociação não foram antecipados pelo governador.

    Há uma semana, a secretaria de Segurança do Rio investiga a ordem vinda de presídios federais e de unidades prisionais do Rio para uma onda de ataques a policiais militares, unidades policiais e UPPs. A suspeita é que as ordens tenham sido trazidas ao Rio por advogados ou parentes destes detentos. Os chefes do Comando Vermelho estão nos presídios federais de Catanduvas (PR) e de Porto Velho (RO).

    A Polícia Civil já tem informações de que, no Rio, as ordens foram enviadas para quatro traficantes do Comando Vermelho: Cláudio José Fontarigo, 43, o Claudinho da Mineira; Ricardo Chaves Lima, 42, o Fu; Bruno Eduardo Procópio, 33, Piná; e Luís Cláudio Machado, 39, o Marreta.

    Ao receberem as ordens, segundo a polícia, esse grupo reuniu traficantes no morro do Chapadão, na zona norte do Rio, e traçou os planos dos ataques. As informações foram passadas à secretaria do Rio pelos setores de inteligência do Exército e da Marinha.

    Claudinho da Mineira e Fu estavam no grupo de 12 traficantes transferidos do Rio para o presídio federal de Catanduvas, em 2007, após a série de ataques ocorridos na cidade e que resultaram na morte de 25 pessoas em uma semana.

    Durante os seis anos que estiveram fora do Rio chegaram a ser levados para a unidade federal de Porto Velho (RO) e de lá obtiveram no ano passado o direito a cumprir pena em regime semiaberto. A dupla fugiu e já estaria no Rio desde o fim de 2013.

    Já Marreta é foragido do sistema penitenciário do Rio desde 3 de fevereiro de 2012. Ele é hoje, segundo policiais, o responsável por comprar armas e drogas para o Comando Vermelho.
    Os policiais ainda analisam o que aconteceu nas UPPs nas últimas 48h. Há informações de que seriam formados pequenos grupos de traficantes de diferentes favelas para atacar o Morro dos Macacos, na zona norte. A informação ainda não está confirmada.

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