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    SP superestima vazão de rio no projeto para ajudar reservatório, diz órgão

    DIMMI AMORA
    DE BRASÍLIA

    22/03/2014 03h20

    São Paulo superestima em até 15% a quantidade de água disponível no rio Paraíba do Sul. É o que diz Danilo Vieira, presidente do Ceivap (Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul), espécie de órgão gestor do rio que corta SP, MG e RJ.

    O projeto paulista de retirar água do Paraíba do Sul para abastecer reservatórios da Grande SP é contestado por Estados vizinhos e cidades paulistas cortadas pelo rio.

    Segundo Vieira, que é secretário-adjunto de Meio Ambiente de Minas, estudo contratado pelo Ceivap para medir a disponibilidade de água em todo o rio chegou a valores menores que o do governo paulista, usado para justificar a transposição do rio.

    A Folha enviou o estudo ao DAEE, órgão responsável pela análise de SP, que respondeu que "só vai se pronunciar após se inteirar sobre as contestações em questão".

    Para o DAAE, a retirada de 5.000 l/s de rios que seguem para o Paraíba do Sul ainda o deixaria com vazão suficiente para atender ao resto da demanda mínima fixada pela ANA (Agência Nacional de Água) para outras regiões.

    Mas, diz Vieira, essa conclusão só ocorreu porque foi encontrado de 10% a 15% a mais de água no rio que o levantamento do Ceivap, dependendo do ponto de coleta e dos parâmetros usados.

    "O estudo de São Paulo encontrou uma viabilidade que não existe. Temos um grande receio de que a água não seja suficiente [para abastecer as outras regiões]."

    DIÁLOGO

    Marilene Ramos, ex-presidente do Ceivap, afirma que a pesquisa do órgão apontou que já há falta de água para atender às vazões mínimas estabelecidas pela ANA para o Rio, de 190 mil l/s. Para ela, a análise paulista usou parâmetros "otimistas" de hidrologia.

    O deputado estadual Carlos Minc (PT), ex-secretário do Ambiente do Rio, diz que a retirada de água vai aumentar a concentração de poluentes no resto do rio. "Todas as autorizações de despejo legal terão que ser revistas."

    Segundo Vieira, o diálogo sobre a transposição em São Paulo, em estudo há mais de cinco anos, foi "atropelado" com a decisão paulista de ir à União apresentá-lo como solução para um problema emergencial de falta d'água.

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