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    Rogério de Souza Poly (1952-2014) - Ator da trupe Dzi Croquettes

    ANDRESSA TAFFAREL
    DE SÃO PAULO

    23/03/2014 00h01

    Dona Nete sempre achou um escândalo ver o filho Rogério de "bunda de fora" no palco, ao lado do irmão Reginaldo e dos outros 11 integrantes do grupo Dzi Croquettes, ícone da contracultura brasileira dos anos 1970, em plena ditadura militar.

    Vestidos de mulher, compondo um visual andrógino cheio de pluma e purpurina, a trupe fazia um show irreverente e debochado, que misturava teatro, dança e humor.

    Com o final do Dzi Croquettes, ainda na mesma década, Rogério viveu cerca de 30 anos em Paris, cidade onde o grupo virou coqueluche. Lá, entre outras coisas, trabalhou com decoração. Nunca mais subiu em um palco.

    Não deixou de lado, porém, o jeito irreverente de se vestir. Gostava de ousar nas combinações de roupas —melhor ainda se tivessem brilho.

    Em 2008, depois de ser diagnosticado com diabetes e hepatite C, voltou a morar com os pais em Miracema, no interior do Rio, onde nasceu.

    Tornou-se reservado e passou a fazer parte do coral da Igreja Católica. Mas, quando lhe perguntavam, falava com prazer sobre as histórias de seu passado de sucesso.

    Participou das gravações do documentário de Tatiana Issa e Raphael Alvarez sobre o grupo, "Dzi Croquettes", e aprovou o espetáculo "Dzi Croquettes em Bandália", montado pelo ex-companheiro Ciro Barcelos.

    Após a morte do pai, no ano passado, ficou ainda mais doente. Morreu no sábado (15), depois de cinco dias em coma, aos 61. Deixa a mãe, o irmão Rogério e sobrinhos.

    Ao lado de seu nome, no túmulo, será escrita a frase "Aqui brilha uma estrela".

    coluna.obituario@uol.com.br

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