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    Governo amplia teste rápido contra tuberculose

    JOHANNA NUBLAT
    DE BRASÍLIA

    24/03/2014 15h52

    Nos próximos dois meses, 92 cidades do país receberão equipamentos para a realização de testes rápidos para detectar a tuberculose, doença que afetou 71.123 pessoas em 2013 e matou 4.406 brasileiros em 2012.

    O teste rápido, que vinha sendo usado em projetos pilotos, permite a detecção da doença em até duas horas, o que facilita o engajamento ao tratamento. Ao mesmo tempo, o teste identifica uma eventual resistência à droga usada largamente no Brasil (rifampicina).

    A pasta informa que o piloto do teste rápido ampliou a detecção dos casos em 43% em comparação com o método tradicional de laboratório, que leva pelo menos 30 dias para dar o diagnóstico. O investimento será de R$ 15 milhões.

    Dados da pasta mostram a redução de novos casos da doença desde 1995, quando atingiu a marca de 91.013 casos. Entre 2003 e 2006, houve uma redução de 8,13% na detecção; e, entre 2006 e 2013, uma diminuição de 1,51%.

    Segundo o Ministério da Saúde, a nova tecnologia será distribuída às capitais, regiões de fronteira, cidades com mais de 130 novos casos em 2012, e locais com populações indígenas e presídios onde há número significativo de casos de tuberculose. Os locais escolhidos concentram 55% dos casos novos detectados no país.

    A ideia é, até 2015, fazer todos os diagnósticos da doença pela testagem rápida.

    O Brasil é considerado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como um país onde a tuberculose está concentrada. Em número de casos, é o 16º país entre os 22 de alta carga. Dados do governo reforçam esta avaliação da concentração da tuberculose.

    De acordo com dados apresentados nesta segunda-feira (24) por Draulio Barreira, coordenador do cuidado à doença no ministério, pessoas vivendo com HIV/Aids têm 35 vezes mais chance de desenvolver a tuberculose; o risco é 44 vezes maior para a população de rua, e 28 vezes maior para quem vive em presídios.

    As disparidades são significativas também entre Estados e cidades. A incidência da doença em Cuiabá é mais de três vezes a média nacional; e a mortalidade no Estado do Rio de Janeiro é duas vezes a média nacional, diz Barreira.

    "Algumas capitais vivem quadro quase epidêmico", afirmou o representante do ministério.

    Jarbas Barbosa, secretário de vigilância em saúde, diz esperar que o Brasil entre numa fase melhor da doença, em chama de pré-eliminação, no intervalo de cinco anos. Para estar nessa fase, o país precisa ter taxa de mortalidade por 100 mil pessoas abaixo de 1. Hoje, o Brasil tem a taxa de 2,3.

    Para o secretário, apesar da redução do peso da doença na última década, ainda é preciso avançar.

    "Os dados [da prova que avalia o médico em final de curso] do Cremesp (Conselho Regional de Medicina em São Paulo) são preocupantes. Mais da metade dos médicos formados em São Paulo, que talvez tenhas as melhores faculdades de medicina do país, não relacionava a tosse com a tuberculose. Esse sintoma extremamente divulgado há décadas", disse o secretário.

    Barbosa afirmou que tem a perspectiva que duas novas drogas, recentemente liberadas nos Estados Unidos e na Europa, sejam incorporadas ao SUS ainda este ano, com foco nos pacientes que têm resistência à rifampicina –cerca de 1,8% do total no Brasil.

    CAMPANHA NA TV

    Também nesta segunda, quando fez uma cerimônia pelo dia mundial contra a tuberculose, o Ministério da Saúde lançou a campanha anual contra a tuberculose.

    Este ano, a campanha será transmitida também pela televisão, além de spots no rádio, cartazes em barcos (já que a doença é forte em Estados como a Amazônia) e peças para a internet.

    A estrela da campanha é o cantor Thiaguinho, que se tratou da doença. No comercial, o cantor estimula a busca pelo diagnóstico se a pessoa tem tosse por mais de três semanas, afirma que é possível se curar da doença, e pede apoio familiar para os pacientes.

    Barbosa destaca que Thiaguinho está dentro do perfil da doença no país: 60% dos casos estão entre homens jovens.

    BOLSA FAMÍLIA

    Uma das estratégias estudadas para ampliar o engajamento ao tratamento contra a tuberculose é ampliar o benefício do Bolsa Família para pessoas com a doença –e o mesmo seria feito para brasileiros diagnosticados com hanseníase.

    Segundo Barbosa, essa possibilidade é analisada pela Saúde e pelo Ministério do Desenvolvimento Social desde o final do ano passado, mas ainda sem conclusões.

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