Cinco estudantes da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) foram detidos nesta terça-feira (25) durante uma operação antidrogas da Polícia Federal no maior campus da instituição, em Florianópolis.
A ação da PF ocorreu no bosque da universidade. O local, segundo a PF, é conhecido pelo consumo de drogas entre estudantes e moradores do entorno do campus.
Houve confronto entre policiais e os cerca de 300 universitários que não aceitaram a detenção de colegas flagrados com uma pequena quantidade de maconha nas mochilas.
"Um colega que cursa geografia foi detido com cinco cigarros de maconha. Nós queríamos que ele assinasse ali mesmo o termo circunstanciado e fosse liberado, mas a Polícia Federal não quis. A confusão começou aí", disse uma estudante da UFSC que não quis se identificar.
Segundo o porta-voz da PF no Estado, Ildo Rosa, a operação solicitou o apoio do grupo de choque da Polícia Militar após uma tentativa frustrada de negociação com os estudantes, que, segundo ele, chegaram a montar barricadas para impedir a saída dos carros da polícia com os colegas detidos.
Dois veículos da PF foram depredados e virados durante o confronto.
Cerca de 15 agentes da força especializada da Polícia Militar dispararam balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo em direção a estudantes e professores.
No confronto, dois policiais federais e outros dois policiais militares se feriram, segundo a PF.
"Não era a nossa intenção entrar em confronto com eles. Fomos chamados até o campus para fazer uma ação mais de natureza repressiva. Sem dúvida, a Polícia Militar agiu de forma despropositada", declarou Rosa.
De acordo com o DCE (Diretório Central dos Estudantes), um número ainda não contabilizado de universitários ficou ferido durante a ação. Segundo a entidade estudantil, os feridos registrarão boletim de ocorrência.
"A ação da Polícia Federal foi arbitrária. Somos contra o uso de drogas no campus, mas não precisava usar a força dessa forma para reprimir esse comportamento", afirmou Isaac Medeiros, um dos coordenadores do DCE,.
DETIDOS
Os estudantes detidos foram encaminhados à sede da Polícia Federal de Santa Catarina. Eles deverão responder a um termo circunstanciado pelos crimes de porte ilegal de drogas, resistência à prisão e depredação do patrimônio público.
A Polícia Federal informou que eles seriam liberados no final da noite de hoje, após prestarem depoimento.
O chefe do gabinete da reitoria da UFSC, Carlos Antônio Vieira, classificou a ação do grupo de choque da Polícia Militar de "arbitrária" e disse que solicitou a presença da Polícia Federal no campus apenas para ações de inteligência.
"Nunca autorizamos ações da Polícia Federal desse tipo dentro do campus. É lamentável tudo o que ocorreu", disse.
Até o início desta noite, centenas de estudantes ocupavam parte do prédio da reitoria da UFSC. Eles exigem uma manifestação formal da universidade contra a ação das polícias Federal e Militar no campus.
Vieira afirmou que vai encaminhar o caso à Secretaria Especial de Direitos Humanos, ligada à Presidência da República.
Procurada, a Polícia Militar informou apenas que "agiu em apoio à Polícia Federal" e que não iria se manifestar sobre a abordagem no campus.