• Cotidiano

    Saturday, 18-May-2024 05:39:40 -03

    Ação foi resposta ao "poder paralelo", diz Cabral sobre ocupação da Maré

    DE SÃO PAULO

    30/03/2014 09h23

    Em entrevista coletiva após a ocupação das favelas do Complexo da Maré, na zona norte do Rio, o governador Sérgio Cabral (PMDB) afirmou nesta manhã que a ação, a dois meses e meio da Copa do Mundo, foi uma resposta aos criminosos.

    "Nos últimos três meses fomos provocados e intimidados pelo poder paralelo que queria enfraquecer uma política de pacificação extremamente vitoriosa." Ocupada em apenas 15 minutos, a região será preparada para receber a 39ª UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Rio.

    "Há 80% das cidades brasileiras que não possuem o número de habitantes da Maré, com mais de 120 mil moradores. É uma cidade dentro da cidade. As pessoas que estão lá são gerações e gerações acostumadas a acordar de manhã e ver um bandido de fuzil. Hoje essa ocupação é sinônimo de paz."

    Ele também agradeceu a presidente Dilma Rousseff pela rapidez com que mobilizou as Forças Armadas.

    Em entrevista coletiva, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, disse que desde o começo da ação deste domingo, 95 prisões foram efetuadas. Ele não detalhes sobre as detenções.

    "Ocupar o Complexo da Maré nos proporcionou, até agora, 94 prisões. Mais uma vez nós fomos muito bem e vamos entregar aquele terreno aos seus donos: a população. A nossa proposta não é exclusivamente para a Copa do Mundo. Estamos fazendo um trabalho para a população", disse Beltrame.

    A ação contou com a participação da Polícia Militar, Civil além de homens da Marinha, começou às 5h da manhã deste domingo (30). Até as 7h, havia informações sobre três detidos.

    Por meio de nota, a pasta informou que os policias que participam da ação não encontraram resistência para ocupar a área. As forças de segurança continuam nas comunidades em buscas de criminosos e apreensão de armas, drogas e objetos roubados.

    Dezenas de homens do Bope (tropa de elite da PM do Rio) circula com fuzis nas favelas.

    A Polícia Federal, que também participa da ação, encontrou uma grande quantidade de drogas escondida em um bueiro na Vila Olímpica da Maré. Todos os presos estão sendo levados para o 22º batalhão da PM (Maré), na favela Nova Holanda.

    Apreensivos, muitos moradores não falam com a imprensa com medo de retaliação. A auxiliar de serviços gerais J.R.S, 50, classificou como positiva a ação. "Por enquanto, tá tranquila [a ocupação]. A gente não escutou nenhum tiro até agora. Nada que amedrontasse", disse.

    Ela é moradora há mais de 20 anos da Vila do Pinheiros, no Complexo da Maré. "Mesmo com desconfiança acho legal [a ocupação] porque é muito bandido armado na rua. A gente não dorme direito quanto tem tiroteio. É horrível", afirmou.

    A OCUPAÇÃO

    A operação tem a participação de 1.180 homens de batalhões especializados da Polícia Militar, além de 132 policiais civis, com apoio de 21 blindados da Marinha, utilizados para o caso de haver barricadas nas ruas, além de aviões não tripulados das Forças Armadas e da Polícia Federal.

    Na Vila do João, bairro do complexo onde está a reportagem da Folha, o clima é de tranquilidade e desconfiança por parte dos moradores.

    Parte dos policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) utiliza óculos com câmeras de visão noturna, capazes de filmar as ações de combate até mesmo durante a noite.

    Os blindados iniciaram a ocupação na frente das tropas, mas tiveram dificuldade no acesso por conta da grande quantidade de carros estacionados nas ruas da comunidade.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024