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    Polícia do Rio prende foragido em acampamento durante ação na Maré

    DIANA BRITO
    DO RIO

    30/03/2014 14h41

    Uma equipe do Grupamento Marítimo Ambiental da Polícia Militar prendeu na manhã deste domingo, por volta das 8h, um criminoso foragido da Maré que se escondia a pelo menos cinco dias num acampamento improvisado à beira do canal do Cunha, próximo à area de atracação de embarcações usada por pescadores, embaixo do viaduto da Linha Vermelha, ao lado da Maré, zona norte do Rio.

    Diogo da Silva Afonso, conhecido pelo apelido de DG, confessou à polícia que mudou para o local quinta-feira (27) e pretendia voltar para a favela na segunda ou terça (1) "quando a poeira baixasse".

    Afonso tinha um mandado de prisão contra ele por roubo. Morava na favela Nova Holanda – dominada pela facção criminosa Comando Vermelho (CV). Outros quatro homens também foram detidos com Afonso no acampamento, mas como não tinham mandados de prisão, eles prestaram depoimento na 21ºDP (Bonsucesso) e foram liberados.

    O soldado da PM Felipe Gomes disse à Folha que, apesar deles terem a possibilidade de fugir de barco, não tinham condições financeiras e, por isso, planejavam mesmo voltar à favela. Nenhum deles estava armado.

    Segundo Gomes, os suspeitos montaram o acampamento com uma lona, colchões e um fogareiro. "Eles consumiam crack e cocaína. Estavam em situação precária ali há mais de cinco dias. Não planejavam fugir até porque não tinham dinheiro pra isso. Disseram que iam voltar para favela", afirmou o soldado à reportagem.

    Os policiais chegaram ao local ao avistarem o acampamento durante patrulhamento no canal do Cunha, próximo à entrada da Ilha do Governador (zona norte). A equipe policial estava dividida em duas lanchas da PM.

    O canal do Cunha passa embaixo do viaduto da Linha Vermelha, entre Maré e Fundão, cidade universitária da UFRJ – e desemboca na baía de Guanabara. O canal, segundo a polícia, seria utilizado para o transporte de armas e drogas em barcos de pescadores.

    No início da tarde, Afonso continuava na delegacia. A previsão é que ele seja transferido até esta segunda-feira (31) para o presídio de Bangu.

    CLIMA DE TRANQUILIDADE

    Por volta das 13h, o clima era de aparente tranquilidade na Maré. Policiais civis, militares e federais circulavam pela ruas do conjunto de favelas, o comércio funcionava normalmente e não havia informações de confrontos.

    Nascida e criada na favela Baixa do Sapateiro, a professora Suzana Santos, 26, comemorava com a filha de seis anos a entrada das forças de segurança. "Agora a gente acredita que vai ter aula todo dia né filha e a gente não vai mais precisar correr pra entrar e sair da escola", disse em referência ao colégio municipal Samora Machel, localizado na divisa das favelas Baixa do Sapateiro e Nova Holanda, a primeira comandada pela facção Terceiro Comando Puro (TCP) e a segunda pela rival CV. Na região eram frequentes confrontos entre criminosos e durante operações policiais.

    OPERAÇÃO

    A operação contou com a participação de 1.180 homens de batalhões especializados da Polícia Militar, além de 132 policiais civis, com apoio de 21 blindados da Marinha. Também foram utilizados aviões não tripulados das Forças Armadas e da Polícia Federal.

    Segundo a secretaria de Segurança Pública do Rio, as ações no Complexo da Maré resultaram em 118 prisões. As detenções aconteceram entre o último dia 25, quando começaram as primeiras incursões na região, e hoje, dia em que o complexo foi tomado pelas forças de segurança.

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