• Cotidiano

    Sunday, 19-May-2024 19:01:37 -03

    Última etapa do julgamento do Carandiru terá seis homens e uma mulher no júri

    MARINA GAMA CUBAS
    DE SÃO PAULO

    31/03/2014 15h06

    Seis homens e uma mulher foram escolhidos na tarde desta segunda-feira (31) para compor o júri da última etapa do julgamento do massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 detentos em 2 de outubro de 1992.

    Eles vão compor o conselho de sentença, que decidirá o destino de 15 PMs acusados de matar oito detentos no terceiro andar do pavilhão 9.

    Neste bloco do júri, que ocorre no fórum da Barra Funda (zona oeste de São Paulo), estão sendo julgados policiais do COE (Comando de Operações Especiais). Eles também são acusados por duas tentativas de homicídios.

    O sessão começou com quase cinco horas de atraso devido a ausência de uma testemunha arrolada pela defesa, o agente penitenciário e chefe de plantão no dia do massacre, Francisco Carlos Leme.

    No mês passado, esses policiais começaram a ser julgados quando o advogado dos réus, Celso Vendramini, abandonou o plenário após acusar o juiz de ser "parcial". Com a saída da defesa, o júri foi adiado e remarcado para hoje.

    Todos os jurados foram submetidos à avaliação médica a pedido do juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo.

    Hoje estão previstos os depoimentos de uma testemunha da acusação e três da defesa. São elas: o perito criminal Osvaldo Negrini Neto; o secretário de Segurança Pública na época, Pedro Franco de Campos; o desembargador Fernando Torres Garcia, que era juiz-auxiliar da corregedoria de presídios; e o agente penitenciário Francisco Carlos Leme.

    ARGUMENTAÇÃO

    O grande desafio da acusação nesse último bloco será convencer os jurados da responsabilidade dos réus por cada morte de que são acusados.

    Uma característica apontada pela perícia que deverá ser exposta aos jurados é o fato de o terceiro andar ser o pavimento com menos sinais de disparos de arma de fogo nas paredes.

    O laudo que aponta as poucas marcas de bala no pavimento podem ser utilizado pelo advogado dos réus para indicar que não houve confronto por parte dos policiais durante a invasão do local.

    A defesa disse que não há como comprovar a responsabilidade dos réus, uma vez que o confronto balístico não foi feito. Esse exame permitiria identificar de qual arma saiu os disparos que atingiu cada preso morto.

    O promotor Márcio Friggi, no entanto, disse que explicará ao júri como se deram as "execuções". A tese da ação coletiva que resultou no massacre e o excesso de violência durante a ação serão os principais pontos da acusação.

    "Cada qual, com sua posição, concorre para a realização da obra comum. Pela tese, não importa se o disparo que matou saiu da arma do policial A ou do policial B. O fato é que agindo daquela maneira eles produziram o resultado daquela forma, como um todo, como uma obra coletiva", afirma o promotor.

    VIGÍLIA

    Um grupo de cerca de 30 pessoas se concentrou na manhã de hoje em frente ao fórum da Barra Funda. Eles faziam uma vigília em apoio aos policiais acusados pelas mortes.

    Portando faixas e cruzes, o grupo pedia em frente ao tribunal que os 15 PMs fossem absolvidos. Segundo eles, os réus obedeceram uma ordem do secretário de Segurança Pública na época, Pedro Franco de Campos, e do governador, Luiz Antônio Fleury Filho.

    "Estamos aqui para dar uma demonstração de solidariedade aos policiais. Estou amplamente convicto que esse grupo será absolvido e abrirá caminho para absolvição dos outros", disse o deputado estadual major Olímpio Gomes (PDT), que é oficial da reserva.

    Entre os manifestantes estão integrantes do grupo Reaja São Paulo, Associação dos Cabos e Soldados da PM de São Paulo, Associação dos Policiais Militares Deficientes Físicos e Legião de Idealistas.

    Marina Gama Cubas/Folhapress
    vigília em frente ao fórum da Barra Funda em apoio aos policiais acusados pelo massacre do Carandiru
    vigília em frente ao fórum da Barra Funda em apoio aos policiais acusados pelo massacre do Carandiru

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024