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    'É para derrubar sem dó', diz chefe de facção sobre polícia durante reunião

    REYNALDO TUROLLO JR.
    ENVIADO ESPECIAL A ÁLVARES MACHADO (SP)
    ROGÉRIO PAGNAN
    DE SÃO PAULO

    01/04/2014 03h30

    "Vamos levantar cada um de nós as casas dos polícia. Pelo menos uns dois cada um de nós. E, se precisar ou se vier a ordem, é para derrubar. Sem dó."

    Essas, segundo as polícias Militar e Civil, foram as orientações de um homem apontado como um dos chefes da facção criminosa PCC durante reunião que terminou com 50 detidos no sábado.

    O grupo estava em um ginásio de esportes da Prefeitura de Álvares Machado (567 km de São Paulo) e foi preso em flagrante pela PM.

    A frase foi transcrita do depoimento de um dos PMs que participaram da prisão e consta do registro oficial. É atribuída a Lucas Aparecido Cardoso, apontado pela Polícia Civil como "sintonia" (espécie de coordenador) do PCC.

    Divulgação/Polícia Militar
    Detidos durante operação da PM em Álvares Machado, no interior de São Paulo
    Detidos durante operação da PM em Álvares Machado, no interior de São Paulo

    A defesa de Cardoso nega que a reunião fosse criminosa e afirma que as prisões foram ilegais, pois os suspeitos não tiveram acesso a advogados. "Como a polícia vai comprovar que era uma reunião do crime organizado? Havia algum grampo?", questiona o advogado Jeronymo Amaral.

    Dos 50 detidos, 37 adultos tiveram a prisão preventiva decretada, segundo a polícia. Eles foram indiciados sob suspeita de associação criminosa e corrupção de menores, já que 13 participantes eram adolescentes.

    A polícia diz que o grupo estava aliciando "mais de uma dezena de adolescentes para o fim de torná-los membros de um exército criminoso". Os jovens foram entregues a seus responsáveis.

    A Folha apurou que essa prisão deixou em alerta a cúpula das polícias no Estado, que mandou investigar se reuniões semelhantes estão ocorrendo em outras cidades.

    No sábado, foi mobilizado um grande número de homens da PM e da Polícia Civil, até com uso de helicóptero. Segundo relatos de moradores do parque dos Pinheiros, as ruas do bairro foram tomadas por carros policiais.

    O ginásio pertence à Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Franco Montoro. Em nota, a diretoria de Educação do município afirmou que o uso do ginásio "foi solicitado por um cidadão para realização de um jogo entre membros da comunidade."

    Na madrugada de domingo, dois carros da PM foram incendiados dentro da companhia da corporação na cidade. Ontem, por volta das 4h, um PM sofreu uma emboscada a caminho do trabalho, mas não se feriu.

    A polícia investiga se os dois casos têm ligação com as prisões de sábado.

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