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    Adauto Alonso Silvinho Suannes (1937 - 2014) - Um desembargador artista

    FABRÍCIO LOBEL
    DE SÃO PAULO

    04/04/2014 00h00 Erramos: o texto foi alterado

    Certa vez na década de 70, nos corredores do Tribunal de Justiça de São Paulo, rondava a provocação de que o desembargador Adauto Suannes seria um comunista.

    Ele então pensou na réplica ideal: chegar no tribunal vestindo uma chamativa gravata vermelha. Incapaz de achar a peça de vestuário, desistiu da ideia.

    Outra vez, quando descobriu a existência de brincos de pressão, aborreceu suas filhas para que lhe arranjasse um. A justificativa era apenas a de causar o estranhamento entre os amigos de toga.

    O espírito provocador e contestador de Adauto o acompanhou durante toda a vida, segundo a família. Mas além da inteligência e sagacidade invejáveis, o jurista será lembrado também por seu amor às artes.

    Adorava os poemas Fernando Pessoa e canções de Astor Piazzolla.

    E entre um habbeas corpus e uma revisão criminal que analisava no escritório de casa, poderia também facilmente levantar-se de sua escrivaninha e atravessar um corredor até o quarto ao lado.

    A partir daí, passava a dedicar-se a uma escultura de argila ou massa plástica, que tinha o inconveniente de impregnar o apartamento com um forte cheiro.

    Suas esculturas eram sempre assinadas com o heterônimo de Adalon, para que não se confundisse sua atividade artística e jurídica.

    Adauto foi ainda um dos fundadores do IBCCRIM (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais).

    Morreu na quinta-feira, aos 76 anos, em São Paulo, vítima de um câncer. Deixa viúva do segundo casamento, três filhos e dois netos.

    coluna.obituario@uol.com.br

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