• Cotidiano

    Sunday, 19-May-2024 00:14:36 -03

    Procuradoria pede até 24 anos de prisão a ex-diretores por acidente da TAM

    DE SÃO PAULO

    07/04/2014 18h46

    O Ministério Público Federal pediu pena de até 24 anos de prisão ao apresentar à Justiça, na última sexta (4), a acusação contra a ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil Denise Abreu e o ex-diretor da TAM Marco Aurélio Miranda pelo acidente ocorrido no aeroporto de Congonhas em 2007, quando 199 pessoas morreram.

    O voo 3054 da TAM derrapou quando pousava no aeroporto da zona sul de São Paulo e bateu contra um depósito da empresa que fica do lado oposto da avenida Washington Luís. O choque provocou um incêndio de grandes proporções.

    O procurador da República responsável pelo caso, Rodrigo de Grandis, defende que Denise Abreu e Marco Aurélio de Miranda sejam condenados pelo acidente na modalidade dolosa (quando há intenção no crime).

    Raimundo Paccó - 17.jul.2007/Folhapress
    Na noite de 17 de julho de 2007, um Airbus da TAM não conseguiu aterrissar no aeroporto de Congonhas, atravessou a avenida Washington Luís e bateu contra um galpão da própria empresa. No total, 199 pessoas morreram.
    Na noite de 17 de julho de 2007, um Airbus da TAM não conseguiu aterrissar no aeroporto de Congonhas, atravessou a avenida Washington Luís e bateu contra um galpão da própria empresa. No total, 199 pessoas morreram.

    Inicialmente os réus haviam sido acusados de crime culposo. Com a mudança para doloso, a pena máxima para os dois sobe de quatro para 24 anos.

    OMISSOS

    Para o MPF, os dois assumiram o risco de expor a perigo as aeronaves que operavam em Congonhas. Segundo o órgão, a ex-diretora da Anac chegou a "ludibriar" uma desembargadora federal para conseguir a liberação da pista principal do aeroporto.

    "Ela afirmou perante a magistrada que a chamada IS-RBHA 121-189, sobre as condições de pouso em pista molhada, seria uma norma válida e eficaz, quando na verdade era apenas um estudo interno da Anac. Com base nesse documento, a desembargadora foi convencida a liberar operações na pista, suspensas por decisão judicial de primeira instância, expedida em caráter liminar pouco tempo antes do acidente", diz, em nota, a Procuradoria.

    Marco Aurélio foi considerado omisso pelo órgão, já que segundo o MPF, foi alertado por pilotos da empresa sobre os riscos de operação no aeroporto

    Outro réu da ação, o então vice-presidente de Operações da TAM, Alberto Fajerman, foi considerado inocente pela Procuradoria, que pediu sua absolvição no processo.

    Segundo o Ministério Público Federal, após as alegações finais da defesa dos réus, cabe à Justiça federal marcar a data do julgamento.

    OUTRO LADO

    Denise Abreu é tratada como "bode expiatório" ao ser responsabilizada pelo acidente da TAM, disse o advogado dela, Roberto Podval. Ele diz acreditar na absolvição de Denise, pré-candidata à Presidência pelo PEN.

    Sobre o estudo que fez a Justiça liberar voos em Congonhas, Podval diz que isso não contribuiu para a tragédia. A decisão da Justiça não proibia que o modelo Airbus A320 como o acidentado pousassem.

    Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado de Marco Aurélio Santos, diz que seu cliente não tinha poder para fechar a pista de Congonhas.

    Também defensor de Alberto Fajerman, ele diz que o procurador agiu certo ao pedir sua absolvição. A TAM disse que não falará sobre o processo.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024