Um em cada cinco brasileiros teve a casa invadida ou foi vítima de ao menos um tipo de crime, entre roubo, agressão e sequestro relâmpago, de abril de 2013 a abril deste ano, revela pesquisa Datafolha sobre vitimização no país.

Editoria de Arte/Folhapress

O percentual é quase o mesmo dos brasileiros que tiveram algum parente ou amigo assassinado no período (21%).

A pesquisa foi realizada nos dias 3 e 4 de abril em 162 municípios das cinco regiões. Foram feitas 2.637 entrevistas, com margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Jovens de 16 a 24 anos foram as maiores vítimas dos crimes pesquisados -28% disseram ter sido alvo de violência nos últimos 12 meses. Esse grupo também é o que mais teve parentes ou amigos assassinados (30%).

O percentual de vitimização se distribui uniformemente pela maior parte do país -é de 19% nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste-, com ligeiro aumento nas regiões Norte/Centro Oeste (23%).

Segundo Julio Waiselfisz, coordenador de Estudos da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais e organizador do Mapa da Violência, a criminalidade transferiu-se dos grandes centros, como Rio e São Paulo, para as cidades do interior a partir dos anos 2003-2004.

Ao mesmo tempo, a violência se espalhou para outros Estados, seguindo os fluxos migratórios em direção aos novos polos econômicos que surgiram, como no Nordeste.

Foi nessa região, que concentra algumas das capitais com maiores taxas de homicídios do país, como Maceió, Fortaleza e João Pessoa, que mais entrevistados disseram ter tido amigos ou parentes assassinados -31%.

"Todos os Estados que estavam do 10º lugar para baixo no ranking da violência [em 2000] tiveram aumento dos crimes", diz Waiselfisz, citando que Alagoas, por exemplo, que estava em 13º, passou para o 1º lugar.

Apesar de a violência ter se interiorizado no início deste século, os maiores percentuais de vitimização continuam nas grandes cidades.

Nos municípios com mais de 500 mil habitantes, 25% contaram ter sido alvo de violência, segundo o Datafolha.

No recorte por faixa de renda, o grupo mais vitimado, com 26%, é o de pessoas com renda familiar de 5 a 10 salários mínimos por mês.

Segundo Alessandro Janoni, diretor de pesquisas do Datafolha, esses levantamentos "driblam" a subnotificação de crimes, pois muitas vítimas não prestam queixa à polícia.

	Jarbas Oliveira - 9.abr.2014/Folhapress
	Charlene com uma foto e o carro da irmã Antonia que estava grávida e foi morta em assalto em Fortaleza