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    'Herói do ônibus' recebe alta após ter 75% do corpo queimado

    ANDRÉ UZÊDA
    DE FORTALEZA

    11/04/2014 12h13

    O homem que resgatou três pessoas de uma família em um ônibus em chamas em São Luís (MA) e teve 75% do corpo queimado receberá alta nesta sexta-feira (11).

    Quase cem dias de internação em Goiânia e várias cirurgias depois, Márcio Rony da Cruz Nunes, 37, terá que procurar outra ocupação ao retomar a vida normal.

    Por recomendações médicas, assim que estiver completamente restabelecido, Nunes não poderá mais atuar como descarregador de mercadorias, atividade que exerceu nos últimos 11 anos.

    A fragilidade do corpo o impede agora de carregar peso e exercer atividades cansativas. Ele diz, porém, ver uma oportunidade nessa restrição.

    "Quero voltar a estudar e trabalhar com coisas ligados ao ensino. É uma forma de mudar de vida e continuar trabalhando", diz ele, que estudou até a sexta série.

    Depois de 92 dias longe do Maranhão, Márcio terá alta do Hospital de Queimaduras de Goiânia.

    No sábado (12), desembarca com as irmãs em São Luís e deverá ser recebido com festa por seus cinco filhos, familiares e admiradores.

    Ele rejeita o rótulo de herói e diz que "qualquer um teria feito isso se estivesse no meu lugar". "Foi apenas um gesto de amor ao próximo."

    O ônibus havia sido incendiado na região metropolitana de São Luís por criminosos ligados a detentos da penitenciária de Pedrinhas, durante rebelião no presídio.

    Nunes conseguiu sair rapidamente do veículo, mas voltou ao ver que outras pessoas tinham dificuldade na fuga. Retirou do veículo três pessoas de uma família, entre elas Ana Clara Sousa, 6, que morreu.

    Weimer Carvalho/Folhapress
    Márcio Roni da Cruz Nunes, 37, em hospital em Goiânia
    Márcio Roni da Cruz Nunes, 37, durante internação em hospital em Goiânia

    O ato lhe custou queimaduras graves em 75% do seu corpo. Ele foi transferido para Goiânia cinco dias depois do acidente para iniciar o tratamento, que envolveu enxerto de pele, uso de máscara, luvas e de um aparelho ortopédico durante a recuperação.

    "Foi um período muito difícil. Porque ainda doía muito e sentia muito ardor na pele. Tive que me apegar muito a Deus para suportar este momento mais difícil", relembra.

    Sobre a possibilidade de reencontrar as duas mulheres que salvou, o maranhense mostra tranquilidade. "Não precisa ter essa afobação. Se tiver que nos reencontrarmos um dia na vida, nós iremos sim. Vamos conversar tranquilamente. Mas não quero que elas se sintam nesta obrigação. Não precisa de nada disso", diz.

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