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    Ato contra parto forçado terá vigília na madrugada no centro de SP

    GABRIELA SÁ PESSOA
    DE SÃO PAULO

    11/04/2014 18h08

    Cerca de cem pessoas -a maioria, mulheres- se reúnem nesta sexta-feira (11) em frente à Faculdade de Direito da USP, no largo São Francisco, para a manifestação "Somos todas Adelir - Ato contra a violência obstétrica". O protesto começou por volta das 13h e deve durar até o fim da manhã de sábado. Os participantes devem ficar em vigília durante a madrugada.

    O encontro foi divulgado por redes sociais e organizado por manifestantes ligadas ao movimento a favor da humanização do parto. Para hoje, está prevista a exibição do documentário "O Renascimento do Parto", de Eduardo Chauvet, além de apresentações artísticas e "bênçãos" às gestantes que estiverem presentes.

    A advogada Ana Lúcia Keunecke, diretora da Artemis (entidade de defesa dos direitos das mulheres) e uma das organizadoras do ato, explica que a escolha do largo São Francisco "é [porque] na faculdade de direito onde se trabalha para fazer a justiça. E [também porque] fica do lado do Ministério Público [Estadual]".

    É justamente no Ministério Público que o ato deve terminar neste sábado (12), às 11h. As manifestantes planejam caminhar até o órgão e entregar uma carta de repúdio ao caso da gaúcha Adelir Carmem Lemos de Goes, que ganhou repercussão internacional após uma decisão judicial obrigá-la a se submeter a uma cesariana contra a sua vontade.

    Em dois dias de campanha na internet, a organização conseguiu levantar R$ 4.000 por financiamento coletivo. A verba foi utilizada para garantir a estrutura necessária às 24 horas de ato previstas.

    Quatro seguranças particulares foram contratados para reforçar a segurança. A Polícia Militar, informou Flávia Alves, uma das organizadoras, foi avisada pelas ativistas e deve fazer rondas pela região.

    CARTAZES E BARRIGAS

    Durante o período em que a reportagem esteve no largo São Francisco, das 13h às 16h, carros da PM passaram algumas vezes pelo local em ronda. O clima era de tranquilidade.

    Vestidas com camisetas vermelhas, mulheres grávidas, mães com bebês no colo e ativistas passaram a tarde conversando enquanto observavam os filhos brincarem entre um cartaz de protesto e outro.

    A designer Anne Pires, 26, levou a filha Mariana, 4, para ver "cartazes e barrigas". "Ela tem que saber desde cedo que tem direitos", diz.

    Anne não participará da vigília, mas diz que ficará "até aguentar"."É uma luta importante. Meu primeiro parto foi humanizado, mas tive que mudar de médico na 37ª semana [de gestação] porque não queria fazer cesariana", conta.

    Hoje ativista do movimento a favor da humanização do parto, a psicóloga Ana Cabral conta que também enfrentou os médicos quando decidiu fazer o parto normal. "Saía chorando das consultas do pré-natal", afirma. "Eu pude pagar [R$ 5 mil] pelo procedimento em casa, mas e as mulheres que não podem? Precisam enfrentar o desrespeito? É uma luta para todas as mulheres", explica.

    Outros atos semelhantes estavam programados em Brasília, Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis e em outras dez capitais pelo país.

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