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    Carente, menino morto no RS havia sido adotado por toda a cidade

    DE SÃO PAULO

    16/04/2014 03h30

    Carente de atenção dentro de casa desde o suicídio da mãe, em 2010, o menino Bernardo, 11, havia sido adotado pelos moradores de Três Passos, uma cidade de colonização alemã, no noroeste gaúcho, com pouco mais de 20 mil habitantes.

    Ele foi encontrado enterrado em uma propriedade rural na cidade de Frederico Westphalen (447 km de Porto Alegre), a 80 km de sua cidade natal.

    Sua madrasta, Graciele Ugolini, e uma amiga dela, Edelvania Wirganovicz, são as principais suspeitas do crime – Bernardo teria sido morto com uma injeção de anestésico, segundo a Polícia Civil.

    De acordo com relatos de amigos e vizinhos, Bernardo reclamava de ser maltratado pela madrasta, que o xingava usando palavrões e frequentemente se negava a abrir o portão de casa, obrigando-o a pular o muro.

    Ela também o proibia de pegar no colo a irmã mais nova, ainda bebê, de quem o menino gostava muito. Bernardo teria sido morto com uma injeção de anestésico, segundo a Polícia Civil.

    Quando eram vistos jantando fora, o pai e a madrasta estavam sem Bernardo, que foi acolhido por outras famílias da cidade e costumava dormir na casa de colegas da escola e amigos.

    A história de negligência do pai e da madrasta para com ele era bastante conhecida em Três Passos.

    Na Primeira Comunhão de Bernardo, em novembro, moradores contam que nenhum dos dois apareceu na igreja, onde o menino já havia sido coroinha.

    Durante a cerimônia, ele foi acompanhado pela família de um empresário, que recebia o garoto em casa frequentemente. Essa mesma família chegou a ir a reuniões escolares como responsáveis pelo menino.

    Ainda segundo relatos, Bernardo tinha o hábito de abraçar todos os colegas e pedia para que compartilhassem o lanche.

    Também chegou a dizer para a ex-empregada doméstica do pai que queria que ela o adotasse.

    O pai, definido por pacientes como um "excelente cirurgião", era um profissional respeitado. Segundo moradores da cidade, o casal apresentava um comportamento duplo.

    No comércio local e entre amigos, eram considerados "normais". Com o menino, no entanto, eram frios e agiam com indiferença.

    Em reunião recente com o Conselho Tutelar, o pai chegou a prometer que tentaria melhorar a relação com o filho.

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