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    Greve da PM tem 'contaminação política', afirma governador da Bahia

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR

    16/04/2014 18h03

    Em sua primeira manifestação pública após o início da greve da Polícia Militar da Bahia, o governador Jaques Wagner (PT) afirmou nesta quarta-feira (16) que a paralisação está "contaminada" por interesses políticos.

    Wagner afirmou ser "evidente" o caráter eleitoral do movimento, deflagrado na noite desta terça-feira (15). "Esse é um ano de eleição, como coincidentemente também foi 2012 [ano da última greve da PM baiana]. É óbvio que houve uma contaminação político-eleitoral. Ela existe claramente", disse.

    O principal líder da greve, Marco Prisco, se elegeu vereador pelo PSDB em 2012 na esteira da visibilidade alcançada durante a greve daquele ano. Agora está à frente da nova paralisação e será candidato a deputado estadual em outubro. O deputado estadual Capitão Tadeu (PSB), também reconhecido como líder entre os soldados, irá disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados.

    A paralisação anterior, entre janeiro e fevereiro de 2012, também motivou transtornos à população, afetando a popularidade de Wagner, que naquele ano não conseguiu eleger seu candidato à Prefeitura de Salvador, o petista Nelson Pelegrino.

    A nova greve também já causa problemas para os baianos nesta quarta-feira. Em Salvador houve saques durante a madrugada, ônibus circulam com frota reduzida e aulas foram canceladas em colégios e universidades. Para agravar a situação, a Polícia Civil do Estado promove hoje uma paralisação de 24 horas, em reivindicação por melhorias na carreira.

    Wagner, que pediu ajuda federal para o policiamento no Estado, acusou as associações dos PMs de rompimento unilateral das negociações.

    Segundo o governador, não houve interesse dos policiais em negociar um projeto de reformulação da PM apresentado pelo governo na última semana. "A assembleia [de terça-feira] aprovou a greve em apenas cinco minutos, sem apresentar qualquer contraproposta ao governo", afirmou.

    A proposta do governo contempla a separação do Corpo de Bombeiros do resto da corporação, redução do tempo mínimo para promoção dos policiais e redução do tempo de serviço para 25 anos no caso de policiais mulheres. Também ofereceu 7% de reajuste para cabos e soldados.

    Os policiais, contudo, apontam a ausência, no projeto, de um prazo máximo para progressão de carreira. Criticam ainda a determinação de 120 dias sem salário para casos de suspensões administrativas.

    AUXÍLIO FEDERAL

    Wagner disse ter conversado duas vezes com a presidente Dilma Rousseff sobre a situação. A presidente autorizou, segundo o governador, o envio de 4.000 homens do Exército e da Força Nacional para a capital baiana. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deverá ir a Salvador nesta quinta-feira (17) para acompanhar a atuação da Força Nacional.

    O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, também foi acionado pelo governador, que buscou com o ministro garantias da inconstitucionalidade da realização de greves por forças militares.

    O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), adversário do governador, foi procurado pelo governo da Bahia para intermediar uma negociação com o vereador Prisco.

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