Foi no terreiro de sua mãe, dona Arcanja, no Engenho Velho da Federação, em Salvador, que Maria baiana passou toda a infância.
Ainda muito jovem aprendeu a cozinhar moquecas, vatapás e acarajés. Segundo a família, os dotes lhe renderam o emprego como cozinheira de Jorge Amado, em sua casa no Rio Vermelho.
Ana Maria dizia que o patrão adorava sua moqueca.
Aos 20 anos, deixou a casa do escritor e tornou-se uma "baiana do acarajé", com bata rendada, saia vermelha rodada, colares de contas e lenço de cabeça.
Para ela, a indumentária tão conhecida das rodas de candomblé era obrigatória, já que o preparo de seus quitutes (muitos deles consumidos em festejos religiosos) exigia o respeito sagrado.
Durante 35 anos vendeu acarajé e bolinhos de estudante na faculdade de arquitetura da UFBA (Universidade Federal da Bahia).
Nos corredores da faculdade, começou a interessar-se por política e foi convidada a integrar a militância do
PCdoB da Bahia.
Nesse meio tempo, com a morte de sua mãe, assumiu a responsabilidade de ser a chefe do terreiro da família.
A partir daí, ficou conhecida em Salvador como Mãe Ana das Quartinhas.
Filha de Iansã, que na religião africana é uma deusa guerreira, Maria tinha a fama de ser firme e obstinada.
Quando algum problema surgia, costumava bater no peito e dizer "me chamo Ana e farei jeito nisso".
Morreu aos 63 anos em Salvador, vítima de câncer. Deixa o viúvo, três filhos, sete netos e duas bisnetas.
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