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    Parentes de presos decapitados em Pedrinhas são mortos a tiros

    JULIANA COISSI
    DE SÃO PAULO

    17/04/2014 03h15

    Dois familiares de presos decapitados no ano passado no complexo penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, foram assassinados a tiros em um intervalo de duas horas.

    A polícia suspeita da ligação dos dois casos ocorridos anteontem em São Luís com as degolações no presídio.

    O primeiro assassinato aconteceu por volta das 16h.

    Segundo a Delegacia de Homicídios, homens que estavam em um carro atiraram contra Marcone Pereira, 39, que morreu na hora.

    Ele é irmão de Irismar Pereira, um dos três degolados no ano passado durante rebelião no CDP (Centro de Detenção Provisória) -barbárie gravada em vídeo pelos amotinados e revelada pela Folha no início deste ano.

    Ainda anteontem, duas horas após a morte de Marcone, o vendedor de frutas Domingos Pereira Coelho, 58, foi assassinado em um bairro de São Luís a cerca de 15 km do local do primeiro crime.

    Segundo testemunhas, dois motociclistas que escondiam o rosto passaram atirando e fugiram em seguida.

    Coelho, morto enquanto trabalhava na sua banca de frutas, é pai de Dyego Michael Coelho, 21, outro degolado naquela mesma rebelião.

    No início deste ano, o vendedor de frutas foi entrevistado pela Folha e falou sobre o assassinato de seu filho.

    Naquele relato, ele afirmou ter feito questão de ver o vídeo no qual Dyego aparece degolado pelos presos.

    "Eu não desejo para nenhum bicho o que meu filho passou. Nem para os próprios presos que o mataram", disse à reportagem, à época.

    Naquela mesma entrevista, vestia uma camisa branca com a foto do filho e a seguinte frase: "No meu coração onde quer que eu vá".

    Desde o início do ano passado, 67 presos foram mortos no complexo de Pedrinhas.

    Diante disso, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, avalia desde o início deste ano uma possível intervenção federal no sistema penitenciário maranhense.

    Marlene Bergamo - 09.jan.2014/Folhapress
    Domingos Coelho, pai de Dyego, um dos detentos decapitados no presídio de Pedrinhas
    Domingos Coelho, pai de Dyego, um dos detentos decapitados no presídio de Pedrinhas

    FORÇA NACIONAL

    A tropa de choque da Polícia Militar e a Força Nacional de Segurança Pública têm atuado no complexo, mas sem sucesso para conter a onda de assassinatos de presos no presídio.

    Ontem, o delegado Jeffrey Furtado, da Delegacia de Homicídios, não descartou que presos possam estar envolvidos nos dois assassinatos de familiares nesta semana.

    Horas antes das mortes de Marcone e Domingos, segundo a Polícia Civil do Maranhão, detentos de Pedrinhas foram liberados para a saída temporária de Páscoa.

    Ainda de acordo com o delegado, uma das suspeitas é que essas vítimas possam ter denunciado alguns presos relacionados à morte de seus familiares em Pedrinhas.

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