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    Em dois dias com PMs em greve, Salvador já registra 44 mortos

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR

    17/04/2014 11h43

    No segundo dia de greve da Polícia Militar da Bahia, a região metropolitana de Salvador já registra um total de 44 assassinatos, incluindo o de ao menos dois policiais militares.

    Entre as 19h de quarta-feira (16) e as 10h desta quinta-feira (17), 23 pessoas foram assassinadas na capital baiana, de acordo com a Stelecom (Superintendência de Telecomunicações das Polícias).

    No primeiro dia de greve (entre a noite de terça e a noite de quarta), foram registradas 21 mortes. A maioria aconteceu em bairros da periferia de Salvador. No interior, a situação é mais grave em Feira de Santana (109 km de Salvador), onde a polícia já registrou pelo 16 pessoas assassinadas.

    Os números da criminalidade na atual greve sugerem aumento da violência após o começo do movimento. O total de 44 mortes registradas desde o início do movimento representa um aumento de 450% em relação ao mesmo período da semana passada.

    Entre a noite de terça-feira (9) e a manhã de quinta-feira (11), foram registrados oito homicídios em Salvador, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública da Bahia.

    Dentre as vítimas identificadas desde o início da greve, há pelo menos dois policiais. O soldado Erival Santiago Ramos, 31, foi morto quando chegava em casa por volta das 23h de quarta-feira no bairro da Boa Vista do Lobato, periferia de Salvador.

    Outros dois colegas policiais ficaram feridos na ação e foram levados para o Hospital do Subúrbio.

    Também foi assassinado na quarta-feira o sargento Beto Medeiros, baleado no bairro do Pau da Lima, próximo a sua casa.

    No bairro de Brotas, região central da cidade, o policial Uoston José Bahia dos Santos, 37, foi atingido por tiros no rosto e na perna. Está internado no hospital Geral do Estado.

    TRANSTORNOS

    A paralisação da PM provocou transtornos em Salvador na quarta-feira. Lojas foram saqueadas, donos de comércios fecharam as portas, aulas foram suspensas e o transporte público foi reduzido.

    O policiamento, reduzido, foi feito principalmente por batalhões de elite da PM, como o de choque. O governador Jaques Wagner pediu apoio de tropas federais –serão cerca de 6.000 homens para reforçar o policiamento, incluindo tropas principalmente da Bahia, de Pernambuco e de São Paulo.

    A paralisação foi deflagrada na noite de terça-feira (15), após impasse em negociações com o governo. A categoria reivindica aumentos em gratificações, garantias de progressão de carreira e sanções mais brandas no novo código de ética da corporação, entre outros pontos.

    A gestão Jaques Wagner (PT) aceitou incorporar algumas reivindicações, como a aposentadoria aos 25 anos de serviço para mulheres policiais e a separação da PM do Corpo de Bombeiros. Mas anunciou na noite desta quarta que não tem como bancar os aumentos nas gratificações.

    A Justiça baiana declarou a greve ilegal, mas o movimento foi mantido.

    JOGO CANCELADO

    Após o cancelamento do jogo do Vitória pela Copa do Brasil, que seria realizado na noite desta de quarta, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) confirmou o adiamento da partida entre Bahia e Vila Nova, pelo mesmo torneio, que aconteceria nesta quinta na Arena Fonte Nova.

    Caso a greve continue nos próximos dias, o Campeonato Brasileiro de futebol também será comprometido. Está prevista para domingo (20), na Fonte Nova, a estreia do Bahia contra o Cruzeiro, atual campeão brasileiro.

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