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    Para a polícia gaúcha, morte de menino Bernardo foi premeditada

    ARTUR RODRIGUES
    ENVIADO ESPECIAL A TRÊS PASSOS (RS)

    18/04/2014 03h10

    A Polícia Civil gaúcha afirma já ter reunido provas da premeditação do assassinato de Bernardo Uglione Boldrini, 11. O corpo do garoto foi encontrado nesta semana, em um matagal em Frederico Westphalen (a 447 de Porto Alegre e a 80 km de Três Passos, cidade onde ele morava).

    A delegada Caroline Machado afirmou ontem que vai indiciar o pai, o médico Leandro Boldrini, 38, a madrasta, a enfermeira Graciele Ugulini, 32, e uma amiga do casal, a assistente social Edelvânia Wirganovicz, 40, sob suspeita de homicídio qualificado.

    Os três estão presos desde segunda-feira. O pai nega o crime. As duas mulheres ainda não têm advogado.

    A Folha apurou que a tese da premeditação se baseia no depoimento de Edelvânia. Ela confessou que começou a cavar a cova de Bernardo dois dias antes da morte do menino, segundo a polícia.

    O trabalho, diz a polícia, foi iniciado com uma enxada. Um dia depois, ela comprou uma pá e um apetrecho usado para abrir buracos. As ferramentas foram apreendidas na casa de um parente dela, segundo policiais.

    Uma das suspeitas em investigação é que ela tenha cedido o apartamento para a aplicação de uma injeção letal no menino. A perícia vai dizer se foram usados remédios da clínica do pai de Bernardo e se o menino estava vivo quando foi enterrado.

    Outro indício de premeditação são as ligações trocadas pelas duas mulheres dias antes do crime, dizem policiais extraoficialmente.

    Enquanto a polícia investiga diversas motivações do pai e da madrasta para o crime, entre elas financeira, uma hipótese no caso de Edelvânia é que ela tenha sido paga. "Não dá para comparar as condições financeiras dela com as do pai e da madrasta", diz a delegada.

    Para a polícia, até agora o papel das duas mulheres no crime parece melhor delineado. A polícia já sabe que o pai não estava na cena do crime, mas diz ter indícios de que ele está envolvido na morte do filho. Precisa ainda definir o grau de participação dele.

    A delegada disse que ainda não pode revelar as pistas do envolvimento do pai.

    OUTRO LADO

    O pai de Bernardo prestou depoimento à polícia e se disse inocente. O advogado Jader Marques –que também defende um dos sócios da Boate Kiss, incendiada em janeiro de 2013–, assumiu a defesa de Boldrini. Ele não quis falar sobre o caso ontem.

    Anteontem, o advogado Andrigo Rebelato, 36, primo de Boldrini, disse que o médico está abalado com a morte do filho e "não quer nenhuma vinculação" com Graciele e Edelvânia.

    Segundo a polícia, as duas mulheres continuam sem advogado constituído. A madrasta do menino ainda não foi ouvida pela polícia.

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