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    Líder preso manda recado e PMs baianos descartam nova greve

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR
    ANDRÉ UZÊDA
    ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

    18/04/2014 22h44

    Preso pela Polícia Federal na tarde desta sexta-feira (18), o soldado Marco Prisco, líder da greve promovida nesta semana pela Polícia Militar da Bahia, orientou os membros de sua associação a não retomar a paralisação em protesto contra a detenção.

    A informação foi confirmada na noite desta sexta-feira pelo advogado e por dirigentes da Aspra (Associação dos Policiais e Bombeiros da Bahia), a associação comandada por Prisco.

    O recado arrefeceu o ânimo de policiais que se reuniram nesta noite para discutir a possibilidade de uma paralisação motivada pela prisão de Marco Prisco, que é vereador em Salvador pelo PSDB.

    Lunae Parracho-6.fev.11/Reuters
    O ex-policial Marcos Prisco, líder da greva na Bahia, preso na manhã desta quinta-feira ao deixar a Assembleia
    Marco Prisco, que foi preso hoje

    Prisco foi detido pela Polícia Federal à tarde, na região da Costa do Sauípe (litoral norte da Bahia). Segundo o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, ele estava em um resort -a defesa nega e diz que ele foi preso no caminho do hotel, onde seguia para descansar com a família.

    A Procuradoria pediu a prisão no curso de uma ação referente à greve anterior da categoria, de 2012. O pedido, contudo, foi feito na última segunda-feira, quando a nova paralisação -iniciada na terça-feira- já era iminente. A Procuradoria reconhece que o pedido foi feito em razão da ameaça de nova greve, que acabou se concretizando.

    Como a ordem de prisão partiu da Justiça Federal, o soldado foi levado de helicóptero ao aeroporto de Salvador, de onde seguiu para o complexo penitenciário da Papuda, em Brasília.

    A detenção veio um dia após os grevistas fecharem acordo com o governo Jaques Wagner (PT), que ontem negou relação com a prisão e disse que mantém os itens acertados com a categoria. O comando da PM emitiu conclamando os policiais a se manterem em serviço.

    No acordo que encerrou a greve, o governo Wagner aceitou elevar gratificações por funções e abrir nova discussão sobre o código de ética da corporação e plano de carreira.

    Mesmo com o reforço de tropas federais, que permanecem no Estado, a greve foi marcada pelo aumento da violência no Estado: houve saques e ao menos 52 homicídios na Grande Salvador em 46 horas -a média é de cinco casos por dia.

    Com a notícia da prisão, PMs começaram a se mobilizar para uma assembleia. Alguns anunciavam a possibilidade de nova paralisação.

    ASSEMBLEIA

    Por meio de redes sociais, os policiais convocaram uma assembleia para a praça Municipal, centro de Salvador, em frente à Câmara Municipal. Cerca de cem pessoas se concentraram no local, mas nenhum líder apareceu para comandar a reunião. Não houve oradores.

    Por volta das 22h, o tenente coronel Edmílson Tavares, presidente da associação de oficiais Força Invicta, telefonou para policiais da entidade que estavam na praça, pedindo para que o grupo se dispersasse para evitar confrontos com forças federais que foram para a cidade reforçar o policiamento durante a greve.

    Cerca de uma hora antes, os policiais presentes na praça haviam hostilizado e vaiado policiais da Força Nacional e até da própria Polícia Militar que passaram em carros das corporações.

    Por volta das 22h30, a praça já estava vazia.

    RECUO

    Após emitir uma moção de repúdio ao governo e conclamar os policiais a uma nova paralisação, o deputado estadual Capitão Tadeu (PSB) -que também é policial- recuou.

    "Pedi para os policiais ficarem aquartelados para acalmar os ânimos e evitar qualquer tipo de ação isolada" afirmou à Folha o deputado, descartando a convocação de uma nova greve.

    Um grupo de filiados à associação de Prisco deverá chegar a Brasília neste sábado (19) para definir um cronograma de ações contra a prisão do policial.

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