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    Restauradas, telas de Portinari com a via-sacra são expostas em Batatais

    ISABELA PALHARES
    DE RIBEIRÃO PRETO

    19/04/2014 04h00

    O sofrimento de Jesus durante a via-sacra é retratado em 14 estações (ou paradas) desde a época das Cruzadas, nos séculos 11 a 13.

    Até hoje, dez séculos depois, os católicos acompanham a Paixão de Cristo carregando a cruz até o Calvário em telas em todo o mundo.

    No Brasil, o pintor Candido Portinari retratou as passagens. Seis delas foram restauradas e podem ser vistas na igreja Bom Jesus da Cana Verde, em Batatais.

    Edson Silva/Folhapress
    A restauradora Adriana Vera Duarte trabalha na obra "O Batismo", de Candido Portinari, em igreja de Batatais (SP)
    A restauradora Adriana Vera Duarte trabalha na obra "O Batismo", de Candido Portinari, em igreja de Batatais (SP)

    Duas delas, os "passos" cinco e seis da obra –que mostram Jesus carregando a cruz e, ao seu lado, Maria–, foram restauradas e postas em exposição na última quarta-feira.

    Porém, no mesmo dia, outros dois "passos", o sete e oito, que mostram Jesus carregando a cruz e sendo chicoteado pelos guardas romanos até o Calvário, foram retiradas para a restauração.

    Segundo a restauradora responsável pelo trabalho em Batatais, Florence Maria White de Vera, as telas da via-sacra não estavam muito danificadas. No entanto, a obra foi desgastada por ficar em um espaço público sem regras rígidas de conservação, como em um museu.

    "As telas da via-sacra eram as que tinham menos problemas. Não encontramos dificuldade em restaurar as seis primeiras", disse Florence.

    Portinari, natural de Brodowski, pintou as telas em 1953 e as doou para a Igreja. Porém, elas só foram expostas dois anos depois.

    TÉCNICA

    A restauradora afirmou que a obra da via-sacra difere das outras telas de Portinari por utilizar uma técnica suave, sem muitas camadas de tinta e pouca texturização.
    Walter Kioto, que trabalha na equipe de restauração, disse que Portinari usou técnicas do cubismo de forma sutil para compor as telas.

    "É uma técnica excepcional. Portinari compôs as obras com cubismo e um jogo de sombras e luzes."

    O trabalho de restauração custou R$ 374 mil ao Estado e começou em dezembro do ano passado, depois de cinco anos de cobrança da Igreja Católica e duas ações na Justiça. Ao todo, serão restauradas 28 telas até o final de setembro de 2014.

    Ao doar as telas à igreja, Portinari determinou que elas nunca saíssem do templo. Devido à exigência, o restauro é feito na igreja e pode ser acompanhado por visitantes em visitas guiadas ao ateliê montado nos fundos. Elas precisam ser agendadas e acontecem terças e quintas, das 14h às 16h, e de quartas e sextas, das 9h às 11h.

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