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    Associação de PMs baianos diz que faz 'esforço imenso' para evitar nova greve

    DE SALVADOR
    DE SÃO PAULO

    19/04/2014 08h22

    A associação de policiais militares da Bahia liderada por Marco Prisco informou na manhã deste sábado (19) que está fazendo um "esforço imenso" para evitar "uma possível paralisação espontânea da tropa".

    O comunicado foi divulgado após uma madrugada em que policiais se aquartelaram no Estado em represália à prisão, na sexta-feira (18), do soldado Prisco, vereador em Salvador pelo PSDB.

    "Durante toda a noite de ontem [18] e madrugada de hoje [19], a entidade discutiu como seria seu posicionamento frente a tropa. Sabendo que sua decisão servirá de norte aos policiais que corroboram com seus ideais, a Aspra entende que um processo de aquartelamento neste momento poderá trazer mais desconforto e insegurança para todos, policiais e sociedade civil", diz o texto da associação.

    A nota, contudo, demonstra que setores da PM ainda não assimilaram a versão do governo Jaques Wagner (PT), que desde ontem vem procurando se dissociar da prisão de Prisco, que foi pedida à Justiça Federal pelo Ministério Público Federal.

    "É importante reforçar que embora o mandado de prisão tenha sido expedido pela Justiça Federal, o mesmo foi solicitado de maneira velada pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia", diz o texto da associação de praças e bombeiros.

    A greve da PM baiana se estendeu por cerca de dois dias entre terça (15) e quinta-feira (17). Foi acompanhada por uma explosão da violência em cidades como Salvador e Feira de Santana, e terminou com governo e grevistas cedendo em concessões e reivindicações.

    Entre os principais pontos acertados estão o aumento de gratificações por funções e o recomeço das discussões sobre o novo código de ética da categoria, que desagradava a tropa pelas punições disciplinares que previa.

    A prisão de Prisco, contudo, lançou novamente a PM em um clima de tensão. O soldado –que desde 2002 briga na Justiça para ser reincorporado à corporação– participou da linha de frente de outras duas greves anteriores da categoria, em 2001 e em 2012.

    Na paralisação de 2012, a maior da história da categoria (12 dias), chegou a liderar uma ocupação de grevistas à Assembleia Legislativa, que foi cercada por tropas federais. Prisco ficou preso por cerca de 40 dias após o episódio e responde na Justiça Federal desde 2013 sob acusação de crimes contra a segurança nacional praticados naquela greve.

    PRISÃO

    Prisco foi detido pela PF na sexta à tarde, na região do complexo de resorts da Costa do Sauípe (litoral norte da Bahia). Na tarde desta sexta, a PF e o Ministério Público Federal informaram que ele foi detido já dentro de um hotel, enquanto a Aspra dizia que a detenção se deu enquanto ele se dirigia com a família ao local.

    A Procuradoria pediu a prisão no curso de uma ação de 2013 em que Prisco e outros seis policiais já são réus, referentes a acusações de crimes que teriam cometido na greve de 2012, como formação de quadrilha e delitos contra a segurança nacional, como interrupção de serviços essenciais.

    A própria Procuradoria reconheceu, contudo, que a prisão foi pedida na segunda-feira (14) diante da iminência da greve articulada por Prisco. Como a ordem de prisão partiu da Justiça Federal, o soldado e vereador de 44 anos -que briga na Justiça desde 2002 para ser reintegrado à corporação-foi levado para o presídio da Papuda, em Brasília, em operação que mobilizou um grande aparato de segurança no aeroporto de Salvador.

    A detenção veio um dia após os grevistas fecharem acordo com o governo Jaques Wagner (PT). Ninguém admitiu ceder, mas o governo elevou gratificações e recuou no novo código de ética da corporação, que previa punição a policiais por participação em greves e até por inscrição em cadastro de devedores. Policiais ficaram sem reajuste salarial.

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