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    Com greve de PMs na BA, saqueadores preferiram levar cerveja e pescados

    ANDRÉ UZÊDA
    ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

    19/04/2014 11h01

    Os saques a supermercados registrados em Salvador durante a greve da Polícia Militar tiveram dois alvos preferenciais: cerveja e pescados.

    A maioria dos arrombamentos foi na periferia. A rede de mercados populares Cesta do Povo, do Estado, foi uma das mais visadas: 9 das 35 lojas foram saqueadas.

    "As lojas estavam com muita oferta de peixe para a Semana Santa. A maioria preferiu levar esses produtos, além de muita cerveja", disse Eduardo Sampaio, presidente da Ebal (Empresa Baiana de Alimentos). O prejuízo, segundo ele, foi de R$ 2 milhões.

    Em algumas unidades, como no bairro Alto de Coutos, levaram registradoras, computadores e freezers.

    "Vi gente levando coisas dentro dos carrinhos do mercado e depois descartando os carrinhos no mato", disse, nas imediações de um mercado atacado, um morador que pediu anonimato.

    Para Gentil Francisco, 52, dono de uma loja de bijuterias ao lado de uma unidade do mercado estatal, a Cesta do Povo não se tornou alvo por acaso. "Como todo mundo se conhece aqui, ninguém quis mexer no comércio do outro. Preferiram só atacar as coisas do governo."

    O presidente da Ebal disse ainda que cogita não reabrir três das unidades do Cesta do Povo que foram atacadas, em razão da dimensão dos danos. A loja do bairro Cajazeiras X, por exemplo, foi incendiada.

    "Os prejuízos físicos foram enormes e o custo da reforma seria muito alto", disse Sampaio.

    No bairro de Paripe, uma loja de material de construção também foi saqueada. Tijolos, telhas e sacos de cimento foram os produtos mais visados.

    Ladrões também usaram um carro para arrombar uma loja de eletrodomésticos no mesmo bairro.

    Na entrada do bairro Cajazeiras VII a reportagem localizou um mercado particular completamente saqueado e depredado.

    "Bastou anoitecer para homens, mulheres e até crianças saírem com os produtos em mãos. Eles gritavam e riam enquanto levavam os produtos", disse um morador da periferia, que não quis se identificar.

    GREVE E PRISÃO

    A greve da PM baiana se estendeu por cerca de dois dias entre terça (15) e quinta-feira (17). Foi acompanhada por uma explosão da violência em cidades como Salvador e Feira de Santana, e terminou com governo e grevistas cedendo em concessões e reivindicações.

    A situação voltou a ficar tensa na sexta-feira (18), após a prisão do soldado Marco Prisco, vereador em Salvador pelo PSDB e líder do movimento. PMs passaram a madrugada de sábado (19) sem ir às ruas em protesto contra a prisão, que atendeu a uma decisão da Justiça Federal.

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